Pelo Poder dos Trabalhadores (1965) – Solidarity

Publicado: no Solidarity, III, 9 (Junho 1965)
Transcrito: por Jonas Holmgren

O padrão de vida dos trabalhadores melhorou consideravelmente durante o último século. O empobrecimento previsto por Marx não ocorreu. Mas o capitalismo continua a ser um sistema desumano em que a vasta maioria é comandada no trabalho e manipulada no consumo e no lazer. O aumento dos salários é equilibrado pela aceleração e criação de necessidades artificiais. Tanto no Ocidente, quanto no Oriente, a sociedade ainda é dominada pelas classes dominantes que controlam os meios de produção, utilizam do estado em seus próprios interesses e estão preparadas para arriscar a destruição da humanidade para defender tais interesses.

A deterioração dos sindicatos e dos partidos tradicionais tem chegado muito além do que é geralmente admitido. Eles não podem ser reformados. Eles chegaram a um acordo com o sistema existente, do qual eles são agora uma peça-chave. A degeneração das organizações da classe trabalhadora, em si mesma resultado do fracasso do movimento revolucionário, tem sido um fator principal na criação de uma classe trabalhadora apática.

O mesmo se aplica aos Partidos Comunistas. Eles são igualmente impotentes e apesar de procurarem criar tipos de sociedades superficialmente diferentes (a saber, o capitalismo de estado no modelo russo ou chinês), seus objetivos dificilmente podem ser chamados de socialistas.

A estrada para o socialismo – e o socialismo em si mesmo – significa a consciência e ação independente dos trabalhadores. Ele significa o fim da divisão entre líderes e liderados. Pela sua rígida estrutura hierárquica, a maioria das organizações “revolucionárias” incentivam precisamente aquelas divisões. Uma sociedade socialista será uma na qual as decisões serão tomadas pelos conselhos operários, constituídos de delegados eleitos e revogáveis, e onde os próprios trabalhadores farão a gestão da produção.

A luta de classes hoje assume principalmente formas “não oficiais”. Os revolucionários devem ser ativos nestas lutas em vez de tentar assumir o controle das organizações tradicionais. A resistência da classe trabalhadora aos empregadores e líderes sindicais é mais forte que nunca. Mas essas lutas são principalmente ações de reflexo: seus objetivos são inevitavelmente limitados. Se a classe trabalhadora deve aprender e generalizar as suas experiências, e se deve lutar pelo socialismo, ela deve formar organizações revolucionárias. Estas devem ser instrumentos de luta, e não uma direção geral imposta de fora.

A ideia de que o socialismo pode ser alcançado por um partido de “elite”, ainda que “revolucionário” e agindo em nome da classe trabalhadora, é tanto absurda, como reacionária. Solidarity não se apresenta propriamente como mais uma “liderança”, mas meramente como uma ferramenta de luta.

Traduzido por Rodrigo Aguiar e revisado por Felipe Andrade e Alexandre Guerra. A versão original que serviu como fonte desta tradução, encontra-se disponível em:
https://www.marxists.org/archive/brinton/1965/06/workers-power.htm