Proteja-se de Todo Mito! (Entrevista de 1999) – Cajo Brendel

Original in German: Hüte Dich vor jedem Mythos!

[Nota do Crítica Desapiedada]: Em 1999, Cajo Brendel – naquele momento possuía 84 anos (ele morreu aos 92 anos, em 2007), concedeu uma entrevista em alemão reafirmando a posição do comunismo de conselhos sobre as eleições, democracia, revolução russa, entre outros assuntos. A presente entrevista foi originalmente publicada em alemão: Hüte Dich vor jedem Mythos! (Interview mit Cajo Brendel – 1999). Anos depois, foi traduzida para o francês e republicada na revista Échanges N° 111 – Inverno, 2004-2005. Agora, em 2021, disponibilizamos a entrevista em português. Boa leitura.
Obs.: Disponibilizamos também o pdf do texto: Cajo Brendel – Entrevista 1999.


“Proteja-se de todo mito!”: Entrevista com Cajo Brendel sobre o comunismo de conselhos

Essa entrevista do grupo alemão Revolution Times, com Cajo Brendel, realizada em dezembro de 1999, foi publicada em janeiro de 2001 no panfleto: Red Devil, Die Kronstadt-Rebellion. Alle Macht den Sowjets, nicht den Parteien! (A Revolta de Kronstadt. Todo o poder aos sovietes, não aos partidos!). Bibliothek des Widerstandes (Bibliothèque de la résistance), janeiro de 2001, p. 21-27.

Red Devil: Na sua opinião, o que explica a aparição das posições comunistas de conselhos e como você poderia brevemente nos apresentá-las?

Cajo Brendel: O comunismo de conselhos não caiu do céu. Ele tomou forma pouco a pouco e se desenvolveu ao longo do tempo. Depois do entusiasmo inicial pela revolução russa, vários marxistas da Europa Ocidental começaram a tecer críticas. Entre eles, Otto Rühle foi sem dúvidas uma das primeiras testemunhas da prática bolchevique a compartilhar suas experiências por escrito[1].

O marxista holandês Gorter também foi um dos primeiros críticos do bolchevismo, mas sua análise (1920)[2] só se aplicava a detalhes específicos. Inicialmente, os ataques aumentaram como resultado dos acalorados debates suscitados pela revolta de Kronstadt em 1921, e em seguida quando, pouco tempo depois, a ação dos bolcheviques se materializou na Nova Política Econômica[3]. Mais tarde, no final dos anos 1920, foi adicionada uma rejeição total do capitalismo de Estado; finalmente, no início dos anos 1930, apareceram outras divergências, mais numerosas ainda.

Na minha opinião, a teoria do comunismo de conselhos atingiu um apogeu provisório em 1938 quando o marxista holandês Anton Pannekoek submeteu o leninismo como um todo a uma investigação marxista[4]. Entretanto, o desenvolvimento do comunismo de conselhos não parou aí. Muito longe de toda ortodoxia ou de toda forma de degeneração, ele continua a se servir do método de Marx para apreender melhor a realidade social.

R. D.: A teoria comunista de conselhos qualifica o KPD (Partido Comunista Alemão) e o SPD (Partido Social-democrata Alemão) de “velho movimento operário”. Um “novo movimento operário” com “novas organizações de classes” está em formação. Onde você vê os sinais de um tal “novo movimento operário” e como vê as diferenças entre o “velho” e o “novo” movimento operário? Não existe nenhuma tradição revolucionária que você reivindicaria ou poderia reivindicar?

C. B.: A diferença entre o “velho” e o “novo” movimento operário – todas as concepções políticas e teóricas à parte – reside em que o “velho” movimento operário é um movimento para os operários (dirigido por políticos ou intelectuais) enquanto o “novo” movimento operário (mal saiu das fraldas ainda) é um movimento dos operários, quer dizer, dos próprios operários. Eu não acho que podemos reivindicar tradições. Eu vejo os sinais (e eu insisto nessa palavra “sinais”) de um novo movimento operário onde os trabalhadores se colocam em greve “selvagem” (como se diz) absolutamente sem consciência preconcebida de seu sentido e de sua significação, sem o apoio de nenhum partido ou sindicato qualquer que sejam. E poderíamos sem dúvidas encontrar sinais da mesma natureza em outras ações operárias.

R. D.: “O comunismo não é uma questão de partido[5], mas a formação de um movimento de massas autônomo”, era esse o título de um artigo do grupo francês O Proletário[6], que participou no encontro de Bruxelas em 1947[7]. Como, em Daad en Gedachte[8], você se situa em relação a essa afirmação, e como um tal “movimento de massas autônomo” pode – ou até deve – nascer?

C. B.: Um movimento de massas é autônomo se não é convocado por nenhuma individualidade ou organização. Ele surge espontaneamente das relações sociais ou políticas. Eu concordo absolutamente com a afirmação do grupo O Proletário.

R. D.: No passado, os comunistas de conselhos criticaram igualmente o fascismo e o antifascismo e se recusaram a tomar partido para um lado ou para o outro, a democracia aqui ou o fascismo ali. Como você se situa em relação ao fascismo renascendo na Europa? E como se situa em relação ao movimento antifascista?

C. B.: O fascismo renascendo na Europa evidentemente não apresenta em todos os países totalmente o mesmo caráter nem obedece às mesmas causas. Entretanto, qualquer que seja a forma que ele assume ou quaisquer que sejam suas causas devemos com certeza combatê-lo; mas eu não quero ter nada a ver com um combate ao lado da burguesia.

R. D.: A maioria dos grupos políticos procura intervir nas manifestações, nas greves, etc. a fim de influenciar esses movimentos em tal ou tal direção, ou ao menos de propagar suas ideias. Houve no interior do comunismo de conselhos divergências entre os “ativistas” e os “observadores”. Qual é o ponto de vista dos comunistas de conselhos? Não é errado permanecer passivo frente aos movimentos sociais existentes? Onde você vê as tarefas dos comunistas de conselhos antes e durante os movimentos de massas e as lutas de classe?

C. B.: É importante participar das lutas. MAS… as intervenções dos diferentes grupos de vanguarda não têm nenhum sentido. Ao contrário. Eu abordo esse assunto em um artigo em anexo[9]. Eu considero, desde a minha juventude, que não temos nada a ensinar à classe operária, mas tudo a aprender com ela.

Como em seguida se servir do que aprendemos? Eu sempre agi nesse caso conforme uma frase de Marx extraída de um de seus primeiros textos, a Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, em que ele escreve: “Devemos obrigar essas relações petrificadas a dançar, cantando-lhes sua própria melodia!”[10]. Eu nunca disse aos grevistas: “Vocês deveriam em vez disso fazer assim ou assim”. Eu simplesmente procurei cada vez discutir o sentido de suas ações. Isso não é um comportamento passivo.

R. D.: A quem se dirige seu jornal Daad en Gedachte quando sua ação política diminui? Qual papel você concede ao seu jornal?

C. B.: O grupo Daad en Gedachte sempre se dirigiu a todos aqueles que têm um ponto de vista crítico para com o “velho movimento operário” e que já veem o caminho do “novo movimento operário” ou o procuram.

R. D.: Em 1947, houve um encontro internacional entre comunistas de conselhos e outros grupos internacionalistas[11]. Isso à época era uma tentativa de construir uma espécie de Internacional dos comunistas de conselhos ou mais simplesmente de estabelecer relações mais estreitas entre grupos de vários países que tinham afinidades?

C. B.: Infelizmente, eu não pude participar na época desse encontro internacional, e possuía apenas um artigo sobre esse assunto publicado em um jornal semanal comunista de conselhos.

R. D.: A maioria do “velho movimento operário” condenou a ação dos marinheiros de Kronstadt. Trotsky minimizou os eventos de Kronstadt os qualificando como “tragédia”. Como você se situa em relação a Kronstadt?

C. B.: Eu não tenho de forma alguma a mesma concepção da revolta de Kronstadt que os bolcheviques, que Lenin, Trotsky, Stalin ou quem quer que seja. Eu sempre a considerei como a precursora da revolução proletária na Rússia[12].

R. D.: Como você se situa em relação aos trotskistas e aos anarquistas? Você vê pontos comuns e de divergência?

C. B.: Nem sim, nem não. Podemos definir o trotskismo como o leninismo, e o stalinismo como uma variedade do leninismo. Ambos se baseiam em uma interpretação errada de Marx resultante das relações sociais na Rússia.

Claramente, é diferente com o anarquismo, embora ele se engane também sobre Marx em vários aspectos. Além disso, seu método de trabalho é bem distante do meu. Entretanto, eu concordo com o anarquismo na medida em que se levanta contra todo poder de Estado, quer se diga burguês ou proletário.

R. D.: Como se situam os comunistas de conselhos em relação aos partidos e às eleições?

C. B.: Os partidos são o fruto das revoluções burguesas e são indispensáveis para o capitalismo. Eu nunca participo de uma eleição em uma sociedade capitalista. As únicas eleições das quais eu poderia participar seriam para os conselhos operários.

R. D.: Os comunistas de conselhos consideram a Revolução de Outubro de 1917 na Rússia como uma “revolução burguesa”. Você pode nos dar algumas explicações?

C. B.: Nos anos 1920, a Rússia era um país onde a servidão, é verdade, não existia mais e que possuía algumas indústrias, mas o país em geral manteve os estigmas do feudalismo. O tsar[13], a igreja e a nobreza estavam no poder, a agricultura era o ramo principal da produção, e a maior parte da população pertencia ao campesinato.

Se existia uma burguesia, ela não era nada comparada à que havia na França no século XVIII, imbuída de sua importância e consciência de si própria. A tarefa da revolução, que crescia desde o início do século XX na Rússia, era de colocar um fim ao tzarismo, quebrar o poder da igreja e da nobreza. Para isso era preciso inevitavelmente desenvolver novas relações de produção. A Revolução Russa devia então realizar as mesmas tarefas que a Revolução Francesa em seu tempo, mas em circunstâncias que não eram nem um pouco as mesmas.

Considerando o que era necessário fazer na Rússia, podemos então falar de uma revolução burguesa, que entretanto, seguida da fraqueza da burguesia russa, foi uma revolução em que as tarefas históricas da burguesia tiveram que ser realizadas por uma outra classe.

Ninguém previu melhor que Lenin no início do século XX. Podemos ler em um de seus primeiros textos: “A revolução futura será uma revolução burguesa, mas uma revolução burguesa sem burguesia[14]“.

A revolução burguesa russa oferece vários pontos de comparação com a Revolução Francesa do século XVIII. Na França, o materialismo da época tinha servido de arma na luta contra a religião, pois essa última constituía a base da potência da igreja. Foi o mesmo na Rússia. E esse materialismo com o qual se combateu a religião na Rússia, que Lenin acreditava ser o materialismo histórico, era simplesmente o materialismo francês do século XVIII. Pannekoek o demonstrou magistralmente em 1938[15].

Não podemos censurar Lenin. Foram as condições russas que o conduziram a interpretar de maneira russa o materialismo desenvolvido por Marx e Engels nas relações capitalistas.

A Revolução Russa se distingue também por outra coisa que encontramos igualmente nos revolucionários franceses, contudo com uma pequena diferença. Os Jacobinos franceses tinham tomado emprestado seus modelos e suas teorias revolucionárias da história romana; os bolcheviques não se viraram para a antiguidade clássica, mas para o futuro proletário. Na França, em 1789, assim como na Rússia em 1917, a imagem que estava nas cabeças absolutamente não correspondia à prática. Na França, onde se sonhava com liberdade e igualdade, não percebiam que se tratava de liberdade jurídica e de igualdade diante da lei. Trotsky escreveu em algum lugar: “Acreditávamos concluir a revolução em fevereiro, e concluímos na verdade em outubro[16]“. Na realidade, é o contrário que é verdade: acreditávamos avançar sobre o caminho do comunismo, e fazíamos uma revolução burguesa sem burguesia.

O que devia acontecer, o capitalismo de Estado, aconteceu, porque a burguesia era fraca demais para se constituir como classe dominante. Para voltar em Lenin mais uma vez, ele tinha razão quando se descrevia como um Jacobino[17]!

R. D.: Houve tentativas de publicar textos comunistas de conselhos em esperanto a fim de superar a estreiteza das fronteiras de nações e línguas. Como você se situa em relação à inteligência e aos intelectuais?

C. B.: Os comunistas de conselhos do Grupo de Comunistas Internacionalistas [GIC] publicaram textos em esperanto no início dos anos 1930. Nunca mais repetimos isso depois da Segunda Guerra Mundial, com nossos textos e correspondência chegando nos países em que dominamos mais ou menos as línguas.

Nunca duvidamos da inteligência dos trabalhadores; nossa desconfiança ia aos intelectuais que pertenciam à burguesia ou aos grupos de vanguarda.

R. D.: Como você se situa em relação aos símbolos do “velho movimento operário” (por exemplo, a bandeira vermelha, a foice e o martelo, a Internacional, o punho erguido, o termo “camarada”, etc.)?

C. B.: Todo o grupo Daad en Gedachte, incluindo eu, nunca deu muito valor aos símbolos. Nosso interesse sempre se voltou para o que era essencial nos grupos, movimentos, etc., para o que eles significavam. De resto, a Internacional é desde muito tempo cantada pelos piores reformistas! E muitos outros símbolos foram mal usados.

R. D.: Quais foram as reações nos debates de novembro de 1998 na Alemanha enquanto você fazia reuniões e conferências lá?

C. B.: Eu fiquei muito contente com as reações de vários ouvintes. Eles eram geralmente muito objetivos e mostravam que tinham me compreendido perfeitamente. Com exceção de dois membros da CCI[18], que absolutamente não estavam lá para discutir e tinham somente – felizmente bem breve – um discurso de propaganda a favor de sua própria organização que não tinha nada a ver com o assunto de minha apresentação. Eles publicaram em seguida um longuíssimo artigo em seu jornal sobre isso em que não faltam mentiras.

R. D.: Quais são, em sua opinião, as posições comunistas de conselhos que foram confirmadas, e aquelas que foram desmentidas, pela história e pelo passado?

C. B.: Eu acho que a questão da confirmação ou não das posições comunistas de conselhos pela história não tem sentido algum. Não se trata de mais ou menos boas posições, mas de análise, uma análise da realidade onde sempre tivemos que lidar com um processo. E a análise alcança resultados melhores conforme o processo evolui.

R. D.: De acordo com você, quais são as razões para o comunismo de conselhos permanecer até hoje sem verdadeira influência? O que se passa com o movimento comunista de conselhos hoje em dia?

C. B.: Se compartilhamos as concepções de grupos de vanguarda tais como são expressas, por exemplo, no lema leninista: “Sem teoria revolucionária, sem prática revolucionária”[19], podemos pensar que as ideias do comunismo de conselhos teriam conseguido ter mais influência do que tiveram. A realidade é outra. Na verdade, não há nenhuma teoria pura de toda prática; a teoria se apoia em uma prática, ou seja, nos fatos. Não são essa ou aquela teoria ou esse ou aquele ponto de vista que influenciam a realidade, mas o contrário. Essa era também exatamente a linha de ação de Marx e Engels. Eu não compreendo o comunismo de conselhos como um “movimento” em sentido estrito; na minha opinião, é o movimento dos trabalhadores que é importante, e ele decorre de sua posição social, tenham eles conhecimento das ideias comunistas de conselhos ou não. Eles não lutam por causa dessas ideias, mas porque o capitalismo os obriga.

R. D.: Como você julga a situação atual enquanto comunista de conselhos?

C. B.: A situação atual é evidentemente um momento de um processo. Tudo o que eu posso dizer é que eu vi as lutas de classes se modificarem continuamente nos últimos cinquenta anos. Para usar um exemplo entre tantos outros, há cinquenta anos as ocupações de fábricas eram totalmente diferentes das de hoje.

R. D.: Como você vê as perspectivas da esquerda no final do século XX? Os comunistas de conselhos estão interessados em colaborar com outros grupos? Se sim, em quais domínios e em quais condições?

C. B.: A resposta depende naturalmente do que entendemos por “esquerda”. Se entendemos por isso todos esses grupos que se consideram como vanguarda do proletariado e se tomam por seus educadores, a resposta é simples: não há nenhuma perspectiva! Para a classe operária, ao contrário, há uma perspectiva, quer tenhamos ou não uma noção clara: é a revolução, que o capitalismo inevitavelmente cria. No que concerne os vanguardistas, eu não vejo utilidade em colaborar com eles.

R. D.: Falemos de Marinus van der Lubbe[20]. Ele queria tirar a classe operária de sua apatia incendiando o Reichstag[21]. Não foi uma espécie de substituição? O KAPD (Partido Comunista Operário da Alemanha) com seu golpismo[22], não agia também frequentemente no lugar dos trabalhadores?

C. B.: Eu nunca duvidei dos sentimentos sinceramente proletários de Van der Lubbe. O que ele esperava ou ansiava de sua ação era ilusório, na minha opinião. Quanto ao KAPD, estou longe de ter certeza que ele tenha substituído a classe operária com seu suposto “golpismo”. Eu gostaria que me dessem exemplos.

R. D.: O que você entende por “ação direta”?

C. B.: Sinceramente, eu nunca utilizo essa expressão. Falo mais de atos espontâneos ou do que chamamos de ações “selvagens” ou greve “selvagem”.

R. D.: O que você recomendaria aos leitores ou leitoras convencidos por suas explicações?

C. B.: Tudo o que eu poderia lhes dizer é: “Esqueça todas as ilusões. Proteja-se de todo mito”. É o fio condutor de todo meu pensamento.

R. D.: Uma última palavra…

C. B.: Eu estou curioso para saber o que você acha de nosso debate.


[1] Ver por exemplo a tradução francesa de dois artigos de Otto Rühle “Moscou et nous” [Moscou e nós] e “Compte rendu sur Moscou” [Relato sobre Moscou] (publicadas na revista Die Aktion em 1920), em (Dis)continuité nº 11, junho de 2001, retomada em Jean Barrot/Denis Authier, Ni parlement, ni syndicats: les Conseils ouvriers! [Nem parlamento, nem sindicatos: os conselhos operários!], ed. Les Nuits rouges, 2003, p. 139 e p. 147. Assim como dois textos posteriores: Fascisme brun, fascisme rouge [Fascismo marrom, fascismo vermelho] (redigido em 1939, mas publicado somente em 1971 em alemão), ed. Spartacus, 1975; e “La Lutte contre le fascisme commence par la lutte contre le bolchevisme” [A luta contra o fascismo começa pela luta contra o bolchevismo] (artigo publicado em inglês na revista norte-americana Living Marxism, vol. 4, nº 8, setembro 1939), em Korsch/Mattick/Pannekoek/Rühle/Wagner: La Contre-révolution bureaucratique [A contrarrevolução burocrática], ed. 10/18, 1973.

[2] Ver em francês: Herman Gorter, Réponse à Lénine sur “La maladie infantile du communisme” [Resposta à Lenin sobre “A doença infantil do comunismo”], Librairie ouvrière, 1930; tradução retomada pelas éditions Spartacus sob o título Réponse à Lénine. Lettre ouverte au camarade Lénine [Resposta a Lenin. Carta aberta ao camarada Lenin], 1979; e do mesmo autor, “Les leçons des ‘Journées de Mars'” [As lições de “Journées de Mars”] (1921) (Última carta de Gorter à Lenin), em Denis Authier, Jean Barrot, La Gauche communiste en Allemagne 1918-1921, ed. Payot, 1976 (reeditado sob o título Ni parlement, ni syndicats: les conseils ouvriers! [Nem parlamentos, nem sindicatos: os conselhos operários], ed. Les Nuits Rouges, 2003). (Nota do tradutor francês).

[3] Depois da revolta de Kronstadt, enquanto a Rússia carecia cruelmente de todos os produtos de base, Lenin impõe ao partido bolchevique a Nova política econômica (NEP), em 1921, que restaura, entre outras medidas, a liberdade relativa para os camponeses venderem no mercado uma parte de sua produção. (Nota do tradutor francês).

[4] Em 1938, Anton Pannekoek publicava em alemão, sob o pseudônimo de John Harper, uma crítica das concepções de Lenin depois de ter lido seu Materialismo e Empiriocriticismo – publicado em 1908 em russo, mas somente traduzido em alemão e em inglês em 1927 – sob o título de Lenin als Philosoph. Existe uma tradução francesa: Anton Pannekoek (John Harper), Lénine philosophe [Lenin filósofo], ed. Spartacus, 1970. (Nota do tradutor francês).

[5] Essa expressão relembra um artigo de Otto Rühle, “La Révolution n’est pas une affaire de parti” [A Revolução não é um assunto de partido – em português: A Revolução não é uma tarefa de Partido], publicado originalmente em 17 de abril de 1920, sob o título “Un nouveau parti communiste?” [Um novo partido comunista?], da revista Die Aktion (1911 – 1932) dirigida pelo escritor, editor e político alemão Franz Pfemfert (1872 – 1954). Ver Denis Authier, La Gauche allemande [A Esquerda Alemã], ed. La Vieille taupe, 1973, p. 112 – 122; ou (Dis)continuité, nº 10, maio de 2001, pp. 93-97.

[6] O Proletário – órgão do comunismo revolucionário foi publicado no final da Segunda Guerra Mundial pelos Comunistas Revolucionários (CR), ex-trotskistas ligados aos alemães e austríacos, também ex-trotskistas, do grupo, Revolutionäre Kommunisten Deutschlands (RKD) [Comunistas Revolucionários da Alemanha], exilados na França e em outros países antes da guerra, que conduziram uma propaganda internacionalista durante a guerra. Para mais informações, ver Pierre Lanneret, Les Internationalistes du “troisième champ” en France pendant la seconde guerre mondiale [Os Internacionalistas do “terceiro campo” na França durante a Segunda Guerra Mundial], ed. Acratie, 1995, pp. 68-71; e Courant communiste international [Corrente comunista internacional] (Philippe Bourrinet), A esquerda comunista da Itália, 1991, pp. 197-198. (Nota do tradutor francês).

[7] Pequenos grupos de vários países que mantiveram posições internacionalistas durante a Segunda Guerra Mundial provaram a necessidade de se reunir para renovar contatos frente à maresia chauvinista que seguiu a vitória dos Aliados. Uma conferência internacional aconteceu para esse fim em Bruxelas em 25 e 26 de maio de 1947, onde grupos e indivíduos de sensibilidades políticas diferentes dos Países Baixos, da Bélgica, da Suíça, da França e da Itália foram convidados pelo Communistenbond Spartacus. Ver Courant Communiste International [Corrente Comunista Internacional] (Philippe Bourrinet), La Gauche hollandaise, s.d., pp. 271-276. (Nota do tradutor francês).

[8] Daad en Gedachte (1965 – 1997), em tradução livre, Ação e Pensamento, grupo holandês do qual Cajo Brendel fez parte. (NT).

[9] Eu não pude determinar de qual artigo se trata. (Nota do tradutor francês).

[10] Contribution à la critique de la philosophie du droit de Hegel [Contribuição à crítica da filosofia do direito de Hegel]. “Introdução”, tradução em Karl Marx, Textos (1842 – 1847), edição Spartacus nº B33, abril – maio de 1970, p. 52. (Nota do tradutor francês).

[11] Ver nota 8.

[12] Ver o artigo de Cajo, “Kronstadt: Proletarischer Ausläufer der russischen Revolution [Kronstadt, precursor proletário da revolução russa], em J. Agnoli, C. Brendel, I. Mett, Die Revolutionäre Aktionen der russischen Arbeiter un Bauern [As ações revolucionárias dos operários e camponeses russos], Karin Kramer Verlag, 1974. (Nota do tradutor francês). [Disponível no Crítica Desapiedada em: Kronstadt: Reviravolta Proletária da Revolução Russa, Nota do CD]

[13] Tsar ou tzar, também escrito como czar ou csar, é a forma para designar o imperador da Rússia. Abolida após a Revolução de Outubro. (NT).

[14] Eu não consegui encontrar essa frase exata nos trabalhos de Lenin. Contudo, leremos Duas táticas da social-democracia na revolução democrática, um texto de 1905 em que essa ideia transparece claramente. Os trabalhos de Lenin existem em várias edições. (Nota do tradutor francês).

[15] Ver nota 5. (Nota do tradutor francês).

[16] Eu não consegui determinar a origem dessa citação. (Nota do tradutor francês).

[17] Ver várias passagens em Que Faire? [O que fazer?] (1902) e em Un pas en avant, deux pas en arrière [Um passo para a frente, dois passos para trás] (1904). (Nota do tradutor francês).

[18] Courant communiste internacional [Corrente Comunista Internacional – CCI]; grupo que publica na França o jornal mensal Révolution internationale [Revolução Internacional] e uma revista teórica trimestral, La Revue internacionale [A Revista Internacional]. A CCI dissipa seus escritos em vários países e várias línguas. (Nota do tradutor francês).

[19] “Sem teoria revolucionária, sem movimento revolucionário” em Lenin, Que faire? [O que fazer?], Ed. sociales/Ed. du progrès, 1979, p. 46. (Nota do tradutor francês).

[20] Marinus Van der Lubbe incendiou o Palácio de Reichstag em protesto contra o poder dos nazistas, na Alemanha, em 27 de fevereiro de 1933, um mês após a nomeação de Adolf Hitler. Van der Lubbe foi condenado à morte e decapitado em 1934. Devido ao acontecido, o Partido Comunista Alemão (KPD) foi perseguido. (NT).

[21] Ver em francês Marinus Van der Lubbe, Carnets de route de l’incendiaire du Reichstag [Cadernos de viagem do incendiário do Reichstag], éd. Verticales, 2003, e “Deux textes d’Anton Pannekoek” [Dois textos de Anton Pannekoek], PANNEKOEK: “L’acte personnel” [O ato pessoal – em português: A ação individual]; “La destruction comme moyen de lutte” [A destruição como meio de luta] em Echanges, nº 90, primavera-verão, 1999, p. 61. (Nota do tradutor francês).

[22] No original, putschisme, em tradução livre, putschismo. Refere-se ao Putsch, golpe de Estado por uma milícia armada. Movimento ou doutrina que é favorável ao golpe de Estado. Na tradução, preferiu-se utilizar o termo golpismo, uma vez que é mais conhecido na língua portuguesa. (NT).

Traduzido por Lucca Lobato, a partir das versões disponíveis em: http://www.mondialisme.org/spip.php?article897 e https://bibliothequedumarxismefiles.files.wordpress.com/2017/11/brendel_interview.pdf. Revisado por Breno Teles.

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