De Bagdá a Beirute, nem sunita nem xiita. Vamos continuar a luta!” (Janeiro de 2020)
O governo iraquiano é composto por todas as facções burguesas do Iraque e é aclamado tanto pelas forças regionais quanto pela burguesia mundial, mas o proletariado tentou derrubá-lo.
A “Zona Verde” é o centro do capitalismo mundial em Bagdá. O proletariado tentou tomá-la, perdendo inúmeras vidas nessa tentativa.
O porto de Basra é um corredor global para as exportações e o comércio internacional de petróleo. O proletariado o bloqueou e tentou assumir o controle do mesmo.
A polícia, as forças de segurança e as forças especiais e militares no Iraque são forças do capitalismo mundial envolvendo xiitas, sunitas, cristãos, curdos e turcomanos, com um amplo complemento de forças regionais e internacionais, incluindo tropas dos Estados Unidos, Europa, Turquia, Irã, etc. O proletariado os atacou, tanto em seus centros como nos destacamentos de rua. Muitos proletários foram mortos (mais de 650) e mais de 20.000 feridos (sem falar no número de sequestrados e presos).
Em todas as áreas rebeldes do Iraque, o proletariado queimou sedes de partidos políticos (religiosos e nacionais, sem exceção), invadiu e queimou as casas de membros do parlamento, de funcionários do Estado e também realizou ataques a edifícios de segurança, da polícia, da mídia, as instituições judiciais, ao Ministério da Justiça, a jornais e estações de televisão.
Ao fazer tudo isso, o proletariado atacou a totalidade do Estado.
Segundo o primeiro-ministro Adel Abd Al-Mahdi, esse movimento destruiu a economia nacional (capitalista) em todos os seus aspectos.
Nesta luta, o proletariado ataca tudo sem exceção: todo símbolo, pessoa ou lugar vinculado à história da autoridade e da repressão, incluindo os militares, as instituições diplomáticas, os centros comerciais e os serviços secretos, tanto internos como externos. Os ataques às forças repressivas de Pasdaran e ao consulado iraniano na cidade de Karbala, não são ataques anti-iranianos como dizem os meios de comunicação, mas fazem parte da ação coletiva contra as forças e centros repressivos em todas as suas formas, tal como o ataque à “Zona Verde” e outros locais.
Não está de todo clara a unidade de ação proletária e seus slogans – “Abaixo todos os ladrões”, “De Bagdá a Beirute, nem sunitas nem xiitas!”, “Não há trabalho, até que este sistema seja derrubado!” – que o proletariado aponta a contrarrevolução em sua totalidade, assim como aconteceu em Basra durante setembro de 2018?
A burguesia sempre tentou distorcer e desviar a trajetória de classe de nosso movimento revolucionário. Eles recorreram a vários métodos para esvaziar o conteúdo revolucionário de nossa luta, tecendo todos os tipos de tramas em torno dela para transformá-la em qualquer outra coisa. Tudo para esconder sua repressão sangrenta e a destruição do movimento revolucionário mediante conflitos burgueses.
O proletariado se insurgiu socialmente contra os exploradores e pretende acabar com seu poder. Ele está ciente de que os capitalistas externos e internos (xiitas, sunitas, curdos, cristãos, judeus…, os ricos e exploradores de todo o mundo) são os verdadeiros membros do Estado e todos eles estão unidos para explorar a humanidade. Consequentemente, a luta proletária é sem dúvida uma luta unida contra todos eles.
O proletariado militante não permite que ninguém o represente, não tem demandas e nada para negociar. Não faz parte de nenhum programa político. Não é esta rebelião uma profunda luta de classes contra o sistema capitalista em sua totalidade? O único programa que o proletariado tem, sua única exigência, é continuar e liderar sua luta unida contra a ditadura do capital e do Estado. “Somos contra todos eles e vamos tomar tudo!”. Essa é a autonomia de classe e a força de luta do nosso movimento. Portanto, não é tarefa fácil para o Estado erradicar esse movimento.
O proletariado não está em situação de espera ou passivo. Desde que o movimento estourou, mesmo com a repressão massiva e assassinatos por parte do Estado, esse movimento continua e suas lutas e táticas se espalham dia após dia. Por exemplo, em Bagdá, o movimento formou unidades de combate espalhadas pela cidade para interromper o tráfego e assumir o controle de pontes ou áreas importantes. Ele coordenou coletivamente suas atividades para ampliar o escopo e a amplitude de sua luta, planejar o dia seguinte, a próxima meta, fazer publicações sobre sua luta, cuidar de seus companheiros feridos… Tudo isso é coordenar, organizar e expandir sua capacidade de luta.
Da mesma forma que no passado as lutas proletárias recebiam energias umas de outras e, assim, continuava o processo de luta, assumindo seus interesses de classe, sua internacionalização e rompendo os limites geográficos, ideológicos, econômicos, bem como os democráticos e do Estado nacional… esse movimento se voltava contra o capital e o capitalismo mundial e hoje está acontecendo o mesmo.
O proletariado hoje, do Haiti à França, da França a Hong Kong, do Egito a América Latina, do Líbano ao Iraque e Irã, está na mesma luta, lutando contra o mesmo inimigo, com os mesmos interesses e com a mesma esperança: derrubar o capitalismo e afirmar uma comunidade de vida humana sem exploração, lucro, capital, trabalho assalariado, poluição, injustiça, guerra e destruição.
Esta luta proletária não é uma luta “anarquista”, tampouco é uma luta “socialista”, nem por uma questão de democratizar o poder ou o estado nacional, mas sim uma luta revolucionária, de classe e internacional contra o domínio capitalista sobre a vida (e sobre a terra). É uma luta para libertar a vida de todas as formas de escravidão humana.
Se hoje os jovens militantes saíram às ruas participando e tomaram a iniciativa da luta, é algo completamente natural! Porque esta geração, enquanto fugia da catástrofe diária do capital, sonhava com a vida. São quem não têm estabilidade de vida. O que eles têm hoje podem não ter amanhã. O que eles sentem perto hoje pode estar longe amanhã. A ganância do capitalismo, suas guerras e desastres sucessivos os deixaram em uma luta constante. Esta situação se intensifica cada vez mais em todo o mundo e se torna um inferno que empurra o proletariado para a luta e sua luta é a luta da vida contra este inferno capitalista. Os proletários em luta compreendem o capitalismo e sua catástrofe, sentem-se vivos e felizes na luta pela vida.
A luta proletária é a luta da classe explorada contra o mundo capitalista. É uma luta pela vida contra as relações de exploração e morte do capital mundial.
O proletariado continua lutando: da França ao Líbano, do Iraque ao Chile, de Hong Kong ao Irã… e clama pela revolta de todas as áreas vizinhas onde a unidade e a coordenação das ações de classe sejam possíveis nesta luta contra o capitalismo.
Em nossa região, a luta do proletariado na Turquia, Israel e Irã… bloqueia as possibilidades da guerra capitalista e empurra nossa guerra de classes internacional para uma perspectiva melhor.
Abaixo a exploração e a opressão!
Abaixo a guerra! Abaixo o capitalismo!
Pela continuidade da guerra de classes em todo o mundo!
Companheiros da luta internacional
Proletarios Internacionalistas
Oriente Médio
Novembro de 2019
Comunicação Companheira Internacional: [email protected] [email protected]
Traduzido por Editora Amanajé.