Velha Esquerda, Nova Esquerda, O que é Esquerda? – Paul Mattick Jr.

Original in English: Old left, new left, what’s left?

Paul Mattick Jr. analisa a ‘Nova Esquerda’ e o movimento estudantil no final dos anos 1960.

Velha Esquerda, Nova Esquerda, O que é Esquerda?[1] – Paul Mattick Jr.

Os últimos seis meses dos anos sessenta deram aos radicais americanos um par de eventos aparentemente incongruentes: um reavivamento monumental do movimento antiguerra e a desintegração da organização que há algum tempo tem sido justificadamente identificada com a própria “nova esquerda”, a SDS[2]. Após cerca de um ano de manifestações nas quais uma crescente militância de slogans foi acompanhada por uma diminuição do número de participantes, meio milhão de pessoas compareceram em Washington, em novembro, para protestar contra a guerra no Vietnã. Uma enorme parte dessa multidão era nova em manifestações. Significativo também foi o fato de que, apesar de ainda ser composto em sua maior parte por estudantes, ela incluía números atraídos de outros grupos sociais maiores do que antes: trabalhadores de colarinho branco como secretários; jovens “profissionais” (médicos e advogados); estudantes de ensino médio; e G.I.s[3] (assim como os corretores de ações e os pequenos empresários preocupados com a ameaça à “estabilidade americana” representada pela guerra contínua). Notavelmente ausente como uma força organizacional estava a SDS, que existia antes de sua convenção de junho em Chicago. Os Weathermen[4], os Crazies e os Mad Dogs apareceram para reunir aqueles desejosos por “militância” física para um ataque de soco-inglês contra o imperialismo, mas os milhares que os seguiram até o DuPont Circle o fizeram mais por frustração com a atmosfera flácida do Give Peace a Chance[5] do que por apoio à política dos Weathermen. A WSA-SDS[6], que em outubro havia de maneira geral limitado a si própria a apontar a futilidade da moratória e a incitar devoção ao verdadeiro foco da luta em organizar os sindicatos dentro e fora do campus, foi forçada a seguir as massas “liberais” até Washington.

Este par de fenômenos pode servir como um excelente símbolo para a situação que se confronta com o que se pensava ser a “nova esquerda”. Eles testemunham, por um lado, o caráter continuamente destrutivo do capitalismo, representado mais salientemente pelas aventuras do imperialismo americano na Ásia; e, por outro, a falência da nova esquerda em desenvolver modos de pensamento e ação capazes de esclarecer o caminho para uma sociedade socialista.

O renascido movimento pela paz não representa um novo estágio no desenvolvimento do radicalismo americano, mas uma ampliação do que existia antes: descontentamento em massa da “classe média” com a guerra mobilizada para exercer seus direitos constitucionais de assembleia e petição (e aparentemente aberta a ser canalizada para sedutoras campanhas eleitorais[7], proporcionando assim um fórum para massiva propaganda e apelo esquerdista).

Ao mesmo tempo, a falência da esquerda em responder de qualquer maneira inspiradora a esse descontentamento recentemente ativo não será utilmente analisada nos termos do trabalho malévolo do Partido Trabalhista Progressista ou das outras facções políticas cujo campo de batalha a SDS se tornou até que o tecido partiu devido à tensão. Uma tentativa de analisar nossas atuais possibilidades e dilemas deve ser baseada na compreensão do contexto da nova esquerda em uma avaliação realista das forças sociais formadas pelo desenvolvimento capitalista dos dias de hoje.

I

A “nova esquerda” (com isso eu me refiro aos movimentos predominantemente estudantis focando de maneira mais enérgica no racismo e na guerra) tem sido um fenômeno dos anos sessenta, começando, portanto, num período saudado como de prosperidade para o capitalismo americano (e mundial). Como isto deve ser explicado? Os fenômenos subjacentes são difíceis de compreender; na superfície eles são visíveis na forma da permanência do racismo e da pobreza na sociedade “afluente”, na necessidade da economia de guerra imperialista, e nas crescentes dificuldades econômicas vistas através da lente sombria dos economistas burgueses como o dilema da “alta taxa de emprego versus estabilidade de preços.”

De fato, a prosperidade americana do pós-guerra pode ser melhor caracterizada como pseudo-prosperidade, do ponto de vista da economia capitalista clássica, enquanto uma febre de existência física foi alcançada para um número consideravelmente grande da classe trabalhadora o suficiente para manter o equilíbrio social, isto foi alcançado desde os anos vinte apenas graças a intervenções regularmente crescentes do governo na economia. Desde que a “atividade econômica [capitalista] é imediatamente animada e orientada, não pela busca por satisfações, mas pela busca por lucros” (W.C. Mitchell), a prosperidade da “economia mista” pós-depressão não representa um verdadeiro boom capitalista, mas sim uma resposta à incapacidade da economia de gerar uma taxa de lucro suficientemente alta para tornar possível uma taxa acelerada da acumulação. Como seu papel é desempenhado fora e no lugar do ciclo investimento-lucro-expansão do investimento do sistema capitalista, o “setor público” em expansão, embora tenha sido bem-sucedido até então na manutenção da estabilidade social, não pode resolver o problema essencial do declínio da lucratividade. Na verdade, ele até mesmo o acentua, já que eventualmente a expansão da produção não-mercantil e não produtiva (do lucro) deve inibir o crescimento de um setor privado crescendo numa taxa mais lenta, mesmo que seja necessário para que o setor privado continue a existir. Os resultados do que pode muito bem ser descrito como uma situação de permanente crise têm sido: estagnação do “crescimento” das taxas de empregabilidade e dos padrões de vida da classe trabalhadora; o “sacrifício” ou apoio público mínimo de elementos não absorvíveis da população, como os brancos pobres apalachianos e as massas dos negros; e tentativas de estender e assegurar o controle sobre o Terceiro Mundo para permitir o esperado desenvolvimento econômico sob os auspícios corporativos americanos.

Se esse é o contexto geral, a reação às condições assim descritas por parte dos estudantes de “classe média” foi imediatamente devido às mudanças particulares no modo de vida experimentadas por essa parte da população, no curso da adaptação do capitalismo às suas novas condições de existência. Estas se devem tanto à continuação dos processos operacionais ao longo da história da sociedade capitalista, como às novas características introduzidas com a economia mista. As mudanças na tecnologia (se não corresponderem a uma “nova revolução industrial”) resultaram em um aumento da importância proporcional da mão de obra do “colarinho branco” em todos os níveis da indústria, desde a Pesquisa e Desenvolvimento até a produção. A mesma tendência na empregabilidade veio do aumento da burocratização da indústria. Ela tornou-se necessária pelo avanço da concentração e do concomitante crescimento de unidades de capital. O progresso da concentração continuou também com o processo de eliminação da antiga pequena burguesia, tanto na produção quanto nos serviços, à medida que multidões de empresários “independentes” ou seus filhos se encontram na posição de trabalhadores assalariados – de fato, senão em princípio (com as notáveis exceções das profissões de medicina e direito, que até agora têm conseguido evitar a sua reorganização em linhas industriais, embora isto também esteja mudando.) O setor de colarinho branco da classe trabalhadora se expandiu também com o crescimento da burocracia governamental e dos oficiais de serviço, acompanhando o crescimento do setor público.

O lado inverso do crescimento simultâneo e da relativa deterioração da posição do grupo de “colarinho branco” tem sido a expansão tremenda do ensino superior (uma continuação do processo pelo qual a Revolução Industrial exigiu, primeiramente, quantidades de mão de obra uniformemente qualificadas e, portanto, educadas). Isto afetou o aspecto profissional da questão, pois a ampliação das instituições de ensino para atender às novas necessidades implica, obviamente, em um aumento do pessoal docente e administrativo. Mas o impacto mais imediato sobre os estudantes veio da reorganização e adaptação às novas funções das faculdades. A faculdade não é mais apenas um lugar para a aquisição de uma “educação liberal” e algumas habilidades empresariais necessárias para os jovens da elite empresarial, mas tornou-se em grande parte um ponto de produção de massa da mão de obra de “colarinho branco” necessária à indústria, ao governo e à própria escola, já que até mesmo as universidades de “elite” passaram a assumir o caráter de pioneiras nas terras concedidas às faculdades. A expansão da população universitária e das instalações tornou necessária a transformação das próprias instituições de comunidades de jovens cavalheiros e seus mentores em estruturas burocráticas, no modelo da indústria moderna, processando um grande número de estudantes. Ao mesmo tempo, as novas necessidades da economia, que deram origem à “multiversidade”, levaram a acrescentar a suas funções educativas as de serem também centros de serviços tanto para a indústria quanto para o governo.

A ideologia dominante promulgada pela universidade permanece sendo a do neoliberalismo, a doutrina clássica com algumas alterações que cobrem o avanço das políticas econômicas keynesianas: livre empreendimento com igualdade de oportunidades e sucesso razoável para todos; liberdade dentro da lei feita por um governo pluralista-democrático do, pelo e para o povo; a capacidade do estado de bem-estar social de mitigar todos os problemas sociais no caminho para a sua solução final. O conflito entre esses valores e as realidades da sociedade capitalista moderna só poderia tornar-se cada vez mais visível para os estudantes, dada a oportunidade, por sua própria posição de privilégio, de um certo grau de exame crítico de um mundo no qual suas posições futuras assumem cada vez mais o caráter de um conjunto de “espaços” igualmente insatisfatórios – especialmente quando estas realidades incluíram a probabilidade de aniquilação nuclear. Assim, a vida política abertamente esquerdista retornou à América com o movimento antibomba em grande parte estudantil, atingindo seu primeiro pico nas manifestações de Washington de 1961, que envolveram cerca de 7000 pessoas.

A ameaça de destruição futura rapidamente provou ser apenas a ponta de um iceberg de catástrofe diária, com a “descoberta” da pobreza e os holofotes lançados sobre o racismo pela crescente atividade do movimento dos direitos civis. Aqui, também, os estudantes tornaram-se profundamente envolvidos. A SNCC[8] nasceu da contradição entre as crescentes aspirações dos estudantes universitários negros e as realidades da posição do homem negro, no contexto das dramáticas lutas lideradas no sul industrializante por Martin Luther King, Jr. Centenas de estudantes “liberais brancos” responderam ao chamado para se juntarem à tentativa de organização política (eleitoral) dos negros. O fracasso do “Movimento”, devido à impotência essencial de sua base rural progressivamente impulsionada por um mercado de compradores de mão de obra agrícola para o emprego urbano, foi experimentado pelos jovens organizadores principalmente em termos da brutalidade das condições de vida das pessoas que tinham vindo para ajudar. Isto foi a clara demonstração do viés de classe da autoridade governamental e da abdicação total desse bastião do liberalismo, o Partido Democrático, à força dos Dixiecrats[9].

O “fim da ideologia” foi destruído para além de qualquer conserto; ou, mais precisamente, exposto como o triunfo da ideologia que o conceito tinha de fato representado. A nova consciência era realmente ambígua, pois as respostas racionais às condições sociais reais não eram transparentes para os novos ativistas de esquerda, mas apenas sentidas como tais através do véu da ideologia liberal. “As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes”; elas só podem ser substituídas por uma verdadeira apreciação dos assuntos sociais na medida em que o domínio de classe seja desafiado por uma força social que incorpore o princípio de uma sociedade sem classes. Como veremos, é precisamente a ausência de tal força que tem limitado a capacidade da nova esquerda de escapar dos espetáculos ideológicos da sociedade burguesa, e assim ver um caminho para a revolução socialista. Não será necessário aqui traçar o desenvolvimento da nova esquerda em detalhe, mas apenas identificar as principais tendências.

II

Apesar do fato de que ela tem sido principalmente um movimento estudantil, a nova esquerda tem, no geral, focado sua crítica não tanto na vida universitária, seu ambiente social imediato, mas na sociedade capitalista em geral. A conexão entre os dois tem sido feita principalmente em termos de serviços diretos da universidade ao capitalismo, em vez de seu papel geral na sociedade e suas consequências internas. Isto tem sido tanto uma força quanto uma fraqueza do movimento estudantil. Ela permitiu a elaboração de uma crítica da sociedade, de questões que não confrontam os estudantes em sua atividade diária, mas que não foram levantadas fora deste contexto; também obscureceu a natureza da revolução que a nova esquerda tornou a ver como necessária e, portanto, sua parte potencial nela.

Em parte, essa característica do estudante de esquerda deve-se à posição peculiar dos estudantes, que não estão envolvidos no processo de produção, mas estão apenas em treinamento para ele. Não é sem significado que a atividade da esquerda estudantil até agora tem se centrado em grande parte nas faculdades de elite, em vez das instituições juniores e “comunitárias” nas quais a juventude da classe operária é canalizada. Para esta última, a faculdade representa uma forma de saída do trabalho da fábrica e da loja do pai para empregos de colarinho branco e administrativos; enquanto que para os estudantes de “elite”, o fim da faculdade não representa a entrada em uma vida melhor, mas o fim de uma liberdade e de prazer que lhes é própria desde o nascimento[10]. É também precisamente o estatuto privilegiado desses estudantes que permite uma rejeição moral das posições de poder abertas a pelo menos alguns deles; assim, a rejeição da vida da classe operária é acompanhada pela reativação da consciência liberal.

Foi através disso, então, que a nova esquerda surgiu, e não como uma resposta consciente à sua própria situação imediata. Foi em nome da humanidade (burguesa) que se desenvolveram os movimentos antibomba e de direitos civis. No início, a destruição social provocada pelo capitalismo ainda era vista em termos de “problemas” a serem resolvidos para cumprir as promessas – liberdade, igualdade, fraternidade – da revolução burguesa do século XVIII; o elemento do radicalismo consistia em grande parte numa disponibilidade para trabalhar fora dos canais políticos mais convencionais, embora uma atitude ambivalente em relação à possibilidade de um trabalho digno com o partido democrata tenha sobrevivido na SDS até 1965. Então, como as experiências dos participantes dos movimentos mencionados levaram a uma crescente consciência da natureza do capitalismo, as políticas da nova esquerda permaneceram em grande parte aquelas de envolvimento nos movimentos dos “desfavorecidos” – os negros, os pobres e (mais recentemente) os trabalhadores. Ao longo do tempo, o estudante radical viu seu papel não em termos de sua posição social atual, mas como a de uma força, por assim dizer, fora da sociedade, organizando os que estavam dentro em seu próprio nome.

Há uma grande exceção aberta[11] ao padrão do novo foco da esquerda fora da universidade: a revolta de Berkeley de 1964. Mesmo aqui, a semente veio do envolvimento no movimento dos direitos civis: A exigência por liberdade de expressão foi levantada por ativistas proibidos pela administração da universidade de distribuir seus folhetos no campus. No entanto, como Mario Savio colocou, enquanto a luta pelos direitos civis forneceu um “reservatório de indignação com os erros feitos a outras pessoas … tal ação geralmente mascara o desabafo, por um canal mais aceitável, de indignação contra os erros feitos a si mesmo”. Na medida em que o Movimento pela Liberdade de Expressão rapidamente envolveu as massas de estudantes, ele expressou não tanto as preocupações políticas dos radicais, mas a insatisfação geral dos estudantes com a natureza da “multiversidade.” Na verdade, isto também se aplica a todas aquelas revoltas no campus que atingiram importância numérica; embora geralmente os radicais tenham conseguido manter suas demandas como o foco aparente de atividade.

Berkeley é, portanto, uma exceção que provou a regra da rejeição dos estudantes radicais às questões universitárias como objetos de esforço concentrado. A reforma universitária continuou sendo perseguida por aqueles a quem os radicais derrogam como liberais e, de fato, tem geralmente permanecido um reino de comitês e outras formas de cooptação. Mesmo no breve período da estratégia do “sindicalismo estudantil” na SDS, a campanha pelo poder estudantil foi pensada em grande parte como uma tática para envolver os estudantes em confrontos com as autoridades escolares e estaduais, que deveriam levar à radicalização estudantil e à transformação em ativistas do movimento.

A comparação com a esquerda estudantil europeia é interessante. Na Alemanha, França, Itália, e muito recentemente na Inglaterra, os movimentos se desenvolveram em confronto direto com a instituição universitária. Isto foi mais desenvolvido na Alemanha, com uma série de atividades que vão desde a criação da “universidade crítica”, uma tentativa bem organizada de elaborar uma crítica e alternativa ao conteúdo da educação burguesa, até um ataque às formas de prática educativa e às estruturas da vida estudantil. O mesmo tipo de coisa se desenvolveu em diferentes graus, na França e na Itália. Ao mesmo tempo, esses movimentos nunca perderam de vista o contexto social mais amplo da insatisfação estudantil, tanto na teoria e agitação quanto na prática, de modo que a massa da base estudantil se envolveu facilmente na ação da classe operária. É claro que o dilema pensado por alguns radicais americanos, entre a concentração no “poder estudantil” e a “política de classe”, não representa nenhum problema, porque a crise universitária é parte integrante da crise social geral do capitalismo. Assim, os grandes momentos do movimento estudantil francês e italiano foram contidos nos movimentos de greve de massa; e, de fato, a relativa fragmentação e impotência que marcou a esquerda estudantil francesa no ano passado é um reflexo do baixo nível ao qual a luta de classes geral recuou desde maio de 1968.

Root & Branch, No. 1 (1970), pp. 15-24

* Em conjunto com a leitura do presente artigo, sugerimos ao leitor a consulta a outra tradução disponibilizada pelo Crítica Desapiedada a respeito da greve estudantil em 1970 nos EUA, publicada também pelo coletivo Root and Branch: Nenhuma aula hoje, nenhuma classe dominante amanhã. Lições de uma greve estudantil.

Traduzido por Brenda Santos e Antonio de Odilon Brito, segundo a versão disponível em: https://libcom.org/library/old-left-new-left-whats-left. Revisado por Felipe Andrade.


[1] [N.T.] O título escolhido como tradução do texto não é o mais adequado, mas isso se deve às diferenças linguísticas entre o inglês e o português. A outra tradução possível para o título do texto é “Velha Esquerda, Nova Esquerda, O que é Esquerda e O que sobrou?”. O título original é “Old left, new left, what’s left?”. Em inglês a palavra “what” significa “o que”, enquanto que “left” pode tanto significar “esquerda”, como também referir-se a “sobrar”. Portanto, uma pessoa, ao indagar “what’s left?”, pode estar perguntando o que, em meio a um universo de coisas do qual várias ou algumas foram retiradas, sobrou daquilo tudo. Porém, no contexto aqui apresentado, Paul Mattick Jr. faz um trocadilho com a palavra “left” e aproveita para, em uma única frase (“what’s left?”), não apenas para fazer o questionamento “o que sobrou?”, como também para perguntar: “o que é esquerda?”.

[2] [N.T.] “Students for a Democratic Society”. Em tradução: “Estudantes por uma Sociedade Democrática”. Organização estudantil americana ativa durante os anos 1960 e identificada com a chamada “nova esquerda”.

[3] [N.T.] O termo G.I., advindo do inglês americano, e cujas iniciais têm adquirido diferentes significados desde o final da Primeira Guerra Mundial, é mais comumente associado a “Government Issue” (“Problema Governamental”) e “Ground Infantry” (“Infantaria Terrestre”). De qualquer maneira, o termo G.I. refere-se a um membro das forças armadas em geral ou ex-membro dessa instituição, e é frequentemente utilizado de maneira sarcástica. Durante a Guerra do Vietnã o termo G.I., devido ao contexto politicamente explosivo pelo qual os Estados Unidos então passavam, adquiriu mais ainda uma conotação política de protesto, explicitando o descaso do governo americano para com seus ex-soldados que haviam retornado do sudeste asiático, e soldados que estavam a lutar uma guerra considerada perdida e impopular.

[4] [N.T.] Weathermen é um termo coloquial que se refere à organização Weather Underground, também parte do espectro da chamada “nova esquerda”.

[5] [N.T.] “Dê Uma Chance à Paz” é uma música de 1969 feita por John Lennon e Plastic Ono Band. Dado o contexto no qual o escrito de Mattick se insere, é possível que seja essa a referência.

[6] [N.T.] WSA significa “Worker Student Alliance”. Em tradução: “Aliança Trabalhadora-Estudantil”. A WSA era uma seção da SDS ligada ao Progressive Labor Party, cuja sigla é PLP (“Partido Trabalhista Progressista”).

[7] [N.T.] No original Mattick fala em “dove electoral campaigns”. Em linguagem coloquial “dove” refere-se a uma pessoa charmosa, sedutora. Assim, traduzimos como “sedutoras campanhas eleitorais”, ressaltando o fato de que para várias pessoas as eleições são sedutoras, muito embora saibamos da contraprodutividade de tais empreitadas para a classe trabalhadora.

[8] [N.T.] Paul Mattick Jr. provavelmente se refere à organização “Student Nonviolent Coordinating Committee”, que pode ser traduzida como “Coordenação do Comitê Estudantil pela Não-Violência”. Esta organização foi um comitê estudantil nos Estados Unidos vinculado ao Movimento dos Direitos Civis durante a década de 1960.

[9] “Dixiecrat” é um termo antigamente usado para designar o States’ Rights Democratic Party nos Estados Unidos. Ele atualmente continua em uso para designar membros da região sul do país.

[10] Interpretar o estudante de esquerda como uma recusa de “classe média” do seu novo status proletário sugere uma ligação com o fenômeno hippie. Neste último caso, entretanto, a refusa do proletariado toma a forma não de uma exigência de mudança social, mas de uma simples rejeição do status quo. A impossibilidade prática desta última resposta significa ou uma tentativa de recuo em modos de vida pré-capitalistas, mudando-se para países atrasados no exterior ou para florestas em casa; insanidade ou morte; ou integração no capitalismo de uma forma psicologicamente mais aceitável. Isto significou ou a elaboração de uma vida sensivelmente privada em horas de folga de um trabalho “correto”, ou um tipo de existência neo-pequeno burguesa artesanal/lojista. Dizer isto não é criticar (por exemplo, como “individualismo pequeno burguês”) o uso feito pelos jovens, em todas as classes, da “cultura juvenil” para expressar sua rejeição inicial da disciplina do trabalho, dos objetivos de riqueza/status, do conceito de “carreira” e do autoritarismo em geral.

[11] Deixo de fora uma classe de quase-exceções: os muitos movimentos de “estudos negros”, adaptações do conceito de “poder negro” ao campus, que levantam problemas especiais de análise.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*