APRESENTAÇÃO DO CICA – Círculo de Comunistas Antibolcheviques
Solidarity foi uma pequena organização socialista libertária da Grã- Bretanha, que editava a revista com o mesmo nome. Próxima do comunismo de conselhos e bastante influenciada pelo grupo francês contemporâneo Socialisme ou Barbárie – mesmo que não tanto como possa parecer à primeira vista – sua substância revolucionário-libertária procede da própria tradição britânica, que já tinha expoentes revolucionários avançados e originais no passado; organizações como a antiparlamentar Liga Socialista das últimas duas décadas do século XIX, ou a Federação Comunista Anti-Parlamentar (APCF) de começos a meados do século XX, que deram a luz respectivamente a teóricos importantes e originais, como William Morris e Guy Aldred.
Solidarity foi fundada em 1960 a partir de grupo de militantes que foram expulsos da Liga Operária Socialista (trotskista), inicialmente se chamava Socialism Reaffirmed. Mesmo que nunca tenha sido um grande agrupamento, chegou a ser uma organização nacional, com grupos em Londres e outras cidades importantes até 1981. Depois de se dividir por diferenças internas, a publicação da revista Solidarity continuou sendo editada até 1992 pelo grupo de Londres. A revista, seus panfletos e seus livros alcançaram grande difusão, e seus membros tiveram papel decisivo em diversas lutas industriais e campanhas radicais nas décadas de 1960 e 1970. Todo este trabalho teórico e prático – de grande envergadura, paciente e constante – obteve uma influência importante, contribuindo decisivamente para o surgimento posterior de diversos grupos comunistas radicais na Grã Bretanha e deixando sua marca neste meio.
Os textos que aqui apresentamos já possuem um caráter histórico, pois além de definirem uma forma de pensamento político, também é o testemunho de uma época. Tem especial importância o segundo texto, intitulado Socialismo ou barbárie, porque se trata de um texto coletivo internacional elaborado entre vários grupos naquele momento. Em que pese as limitações que possam ser observadas em Solidarity, seus textos têm um grande interesse hoje como suporte para delinear as grandes questões do presente, e seguem nos colocando sobre a pista das questões pendentes e das tarefas do futuro. Sentimos uma alegria especial em poder publicar estes textos, pois seu espírito aberto e sincero é o mesmo que anima o projeto do CICA, para não falar da completa sintonia com nossas orientações básicas.
O título geral de apresentação dos textos é de nossa autoria. Os dois primeiros textos e sua introdução, Cómo lo vemos e Cómo no lo vemos, foram traduzidos dos originais. O segundo texto, Socialismo ou barbárie, foi reproduzido da versão espanhola (presumidamente traduzida também do original) publicada em 1977 por Zero-ZYX: Solidarity, «Vivir y luchar. La práctica cotidiana de la revolución». Neste texto foram feitas correções na tradução onde pareceu necessário e possível, pois não dispunhamos do original. (De fato tivemos que desistir de publicar as traduções de Cómo lo vemos e Cómo no lo vemos contidas na versão Zero-ZYX em função das numerosas imprecisões, erros e até alterações terminológicas importantes).
Outros textos originais dos membros do grupo estão disponíveis em inglês na página: http://www.af-north.org/solidarity/solidarity.htm. Para mais dados históricos consultar o artigo em inglês da Wikipedia, buscando por «Solidarity (UK)».
Como Vemos e Como Não Vemos[1]
Quando, em 1967, publicamos pela primeira vez «Como vemos», tínhamos a sensação de que era um resumo tão exato quanto conciso dos nossos pontos de vista. Foram discutidas as alternativas e realizados todos os esforços possíveis para evitar ambiguidades. Pensávamos que tínhamos produzido um texto bastante explícito, cuja aceitação seria a base da adesão ao grupo Solidarity.
Com o passar dos anos, compreendemos que estávamos equivocados. Havia algum problema com o documento – ou com alguns daqueles que o liam. Ou talvez algum problema conosco – por pensar que o texto fosse auto-explicativo. Os radicais nos disseram repetidamente que estavam de acordo com cada palavra da declaração. E no instante seguinte nos perguntavam por que não estávamos fazendo trabalho de fração no interior do Partido Trabalhista, ou por que não estávamos vivendo em comunidades, ou fazendo campanha pelas “esquerdas” sindicais, ou elogiando os Panteras Negras ou o regime antiimperialista de Karume em Zanzibar, ou participando na agitação contra o Mercado Comum. Alguns inclusive perguntavam por que não estávamos defendendo o lançamento de um “verdadeiro partido leninista, revolucionário“.
Agora sentimos que é necessário colocar os “pingos nos is”. O que segue é uma tentativa de manifestar explicitamente pensamentos que estavam somente apontados, e de formular mediante proposições escritas o que estava implícito. «Como não vemos» transmitirá assim o teor geral do que segue. Com a intenção de evitar ambiguidades posteriores, também discutiremos alguns assuntos que não foram tratados no texto original.
Reimprimimos aqui ambos os textos: primeiro o original «Como vemos», em seguida nossos comentários.
Como Vemos
1.Em toda parte do mundo, a grande maioria dos homens estão privados de qualquer controle sobre as decisões que afetam as suas vidas do modo mais profundo e direto. Vendem a sua força de trabalho enquanto outros, que possuem ou controlam os meios de produção, acumulam riquezas, fazem as leis e utilizam o parelho de Estado para perpetuar e reforçar seus privilégios.
2. Durante o último século, o nível de vida da população trabalhadora subiu. Mas nem esse aumento do nível de vida, nem a racionalização dos meios de produção, nem a chegada ao poder de partidos que reivindicam representar a classe operária, modificaram fundamentalmente a situação do trabalhador enquanto operário. E, fora da produção, não proporcionaram muita liberdade à grande maioria da humanidade. Tanto no Leste quanto no Oeste, o capitalismo continua sendo uma sociedade desumana, na qual a grande maioria é oprimida no trabalho, manipulada nos seu consumo e nos seus ócios. A propaganda e a polícia, as prisões e as escolas, os valores e a moral tradicionais, contribuem para reforçar o poder de uma minoria e para convencer ou obrigar a maioria a aceitar um sistema brutal, degradante e irracional. O mundo “comunista” não é comunista e o mundo “livre” não é livre.
3. Os sindicatos e os partidos tradicionais de esquerda foram originariamente criados para modificar esta situação. Mas todos acabaram por se adaptar às formas de exploração existentes. De fato, hoje se transformaram em peças essenciais para o funcionamento “normal” da sociedade de exploração: os sindicatos atuam como intermediários no mercado de trabalho, os partidos políticos usam as lutas e as aspirações da classe operária para atingir seus próprios fins. A degeneração das organizações da classe operária, ela própria resultado do fracasso do movimento revolucionário, contribui de modo decisivo para mergulhar na apatia a classe operária, e essa apatia levou por sua vez a uma maior degeneração dos partidos e sindicatos.
4. É uma ilusão pensar que os sindicatos e os partidos políticos podem ser reformados, “conquistados” ou convertidos em instrumentos da emancipação da classe operária. Isto não significa que estejamos propondo a criação de novos sindicatos que – nas condições atuais – teriam um destino semelhante ao dos antigos. Também não estamos chamando os militantes para rasgar seus cartões sindicais. Temos por objetivo apenas que os próprios trabalhadores decidam sobre os objetivos das suas lutas e que a direção e a organização destas lutas não escapem das suas mãos. As formas que pode tomar esta atividade autônoma da classe operária podem variar consideravelmente de país para país e de indústria para indústria, mas o seu conteúdo básico não.
5. O socialismo não é apenas a apropriação e a direção coletivas dos meios de produção e de distribuição. Implica também igualdade, liberdade real, o reconhecimento recíproco e a transformação radical de todas as relações humanas. Ele é “a autoconsciência positiva do homem“, a compreensão pelo homem daquilo que está à sua volta e de si mesmo, o seu domínio sobre o seu trabalho e sobre as instituições sociais que pode ter a necessidade de criar. Estes aspectos não são secundários, que acontecerão automaticamente após a expropriação da velha classe dominante. Pelo contrário, são elementos essenciais do processo de transformação social no seu conjunto, sem os quais não poderá existir verdadeira transformação social.
6. Portanto, uma sociedade socialista somente pode ser construída pela base. As decisões relativas à produção e ao trabalho devem ser tomadas por Conselhos de trabalhadores compostos por delegados eleitos e revogáveis. As decisões em outros setores devem ser tomadas com base na discussão e na consulta mais ampla possível ao conjunto da população. Aquilo que entendemos por “poder operário” é precisamente essa democratização da sociedade até as suas próprias raízes.
7. Para os revolucionários, as únicas ações significativas são as que permitam aumentar a confiança, a iniciativa, a participação, a solidariedade, as tendências igualitárias e a autonomia das massas e que contribuam para a sua desmistificação. Ação estéril e nociva é toda aquela que reforce a passividade das massas, sua apatia, seu cinismo, sua diferenciação hierárquica, sua alienação, sua confiança em outros para realizar tarefas que elas mesmas deveriam executar e, portanto, o grau em que podem ser manipuladas por outros – mesmo por aqueles que pretendem atuar em seu nome.
8. Nunca na história uma classe dominante abriu mão de seu poder sem luta e não é provável que aqueles que atualmente nos dominam seja uma exceção. O poder somente lhes será arrancado por meio da ação consciente e autônoma da grande maioria da própria população. A construção do socialismo exigirá entendimento e participação das massas. Mas a estrutura hierárquica rígida, as ideias e a prática, tanto do tipo de organização socialdemocrata quanto do tipo bolchevique, desmotivam as massas para desenvolver esse entendimento e impedem essa participação. A ideia de que o socialismo possa ser, de um modo ou de outro, obra de um partido de “elite”, por mais revolucionário que seja, agindo “em nome” da classe operária, é ao mesmo tempo absurda e reacionária.
9. Rejeitamos a ideia de que a classe operária possa, por si mesma, atingir apenas uma consciência sindical. Pelo contrário, entendemos que suas condições de vida e suas experiências na produção impulsionam constantemente a classe operária a adotar prioridades e valores, e a criar formas de organização que desafiam a ordem social estabelecida e o tipo de pensamento que corresponde a essa ordem. E que estas respostas à sua situação têm um conteúdo socialista implícito. Por outro lado, a classe operária está fragmentada, não dispõe dos meios de comunicação e seus diversos segmentos se situam em diferentes níveis de consciência e conhecimento. A tarefa da organização revolucionária é contribuir para que a consciência proletária tenha um conteúdo explicitamente socialista, fornecer ajuda prática aos trabalhadores em luta, e ajudar a troca de experiências e de ligações entre grupos de trabalhadores separados geograficamente.
10. Contudo, não nos vemos como mais uma direção, mas apenas como um instrumento da ação da classe operária. A função de Solidarity é ajudar todos aqueles que, na indústria e na sociedade em geral, entram em conflito com a estrutura social autoritária; ajudá-los a generalizar sua experiência, a fazer uma crítica global da sua condição e das suas causas, e a desenvolver a consciência revolucionária de massas indispensável para a transformação total da sociedade.
Como Não Vemos
1. “Em toda parte do mundo” quer dizer exatamente isto. Não quer dizer em todas as partes menos na Suécia social-democrata, na Cuba de Fidel Castro, na Iugoslávia de Tito, nos kibbutzim de Israel ou na Guiné de Sekou Touré. “Em toda parte do mundo” inclui a Rússia antes, durante e depois de Stálin, a Argélia de Ben Bella e Boumedienne, as Repúblicas Populares do Uzbekistão e do Vietnam do Norte e também a Albânia e a China.
2. Nossos comentários sobre a sociedade contemporânea se aplicam a todos estes países mencionados bem como aos EUA e à Grã Bretanha (sob qualquer governo, seja trabalhista ou conservador). Quando falamos de minorias privilegiadas que “controlam os meios de produção” e “utilizam todo o aparato de Estado” para se manter no poder, estamos fazendo uma crítica global que, até o momento, não visualizamos nenhuma exceção.
ISTO SIGNIFICA que não consideramos nenhum destes países como socialista e não atuamos como se tivéssemos suspeitas ocultas de que eles poderiam ser algo diferente do que são: sociedades de classes hierarquicamente estruturadas baseadas na escravidão assalariada e na exploração. Identificá-las com o socialismo – mesmo como variantes deformadas – é uma calúnia contra o próprio conceito de socialismo (um feto abortado, apesar de tudo, apresenta algumas características de seus pais). Além do mais, esta é uma fonte de mistificação e confusão sem fim. Significa também que – com base nesta avaliação básica – não apoiamos a China contra a Rússia, ou a Rússia contra a China, ou uma e depois a outra; que não carregamos as bandeiras da Frente de Libertação Nacional nas manifestações (os inimigos de nossos inimigos não são necessariamente nossos amigos) e que não nos somamos às palavras de ordem variadas exigindo mais comércio entre o Ocidente e o Oriente, mais Conferências de Cúpula ou mais “diplomacia do ping-pong”.
Em qualquer país do mundo os governantes oprimem os governados e perseguem os revolucionários autênticos. Em qualquer país, o principal inimigo da população é a sua própria classe dominante. Esta é a única coisa que pode servir de base para um genuíno internacionalismo dos oprimidos.
2. O socialismo não pode ser comparado com a “chegada ao poder de partidos que reivindicam representar a classe operária”. O poder político é uma fraude se a população trabalhadora não se apropriar e retiver o poder na produção. Caso consigam tal poder, os órgãos que o exercem (os Conselhos Operários) tomarão e aplicarão todas as decisões políticas necessárias. ISTO SIGNIFICA que não defendemos a formação de partidos políticos “melhores” ou “mais revolucionários”, que continuariam tendo a função de “tomar o poder de Estado”. O poder do partido pode nascer da boca de um fuzil, mas o poder da classe operária nasce da sua gestão do conjunto da economia e da sociedade.
O socialismo não pode ser comparado com medidas do tipo “nacionalização dos meios de produção”. Medidas assim podem ajudar os governantes das diversas sociedades de classes a racionalizar seu sistema de exploração e a resolver seus próprios problemas. Nos negamos a escolher entre opções definidas pelos nossos inimigos de classe. ISTO SIGNIFICA que não defendemos a proposta de nacionalização ou qualquer outra que tenha esta finalidade, frente a qualquer governo, seja de “direita” ou de “esquerda”.
O ponto 2 significa que o capitalismo moderno pode continuar desenvolvendo os meios de produção e, com um certo custo, pode melhorar os níveis de vida. Mas nada disto tem qualquer conteúdo socialista, pois, qualquer um que queira comer três vezes por dia e ter a perspectiva de trabalhar sem fim podem conseguir isto em qualquer prisão que funcione bem. ISTO SIGNIFICA que a nossa principal denúncia do capitalismo não se baseia nos seus desajustes em qualquer destes campos. Para nós, o socialismo não é fazer com que todos os prisioneiros tenham rádios, mas na destruição da própria prisão industrial. Não consiste em ter mais pão, mas em quem faz funcionar a padaria.
O ponto finalmente enfatiza as múltiplas formas que o sistema tem para perpetuar-se a si mesmo. Ao fazer menção tanto à propaganda quanto à polícia, às escolas quanto às prisões, aos valores e à moral tradicionais quanto aos métodos tradicionais de coerção física, o ponto ressalta um importante obstáculo para alcançar uma sociedade livre: o fato de que a imensa maioria dos explorados e manipulados introjetaram e aceitam amplamente as regras e os valores do sistema (conceitos como hierarquia, divisão da sociedade entre os que dão ordens e os que recebem ordens, trabalho assalariado e separação de papéis sexuais são exemplos) e os consideram intrinsecamente racionais. ISTO SIGNIFICA que, em função de todo o exposto, rejeitamos como inadequadas – por considerá-las incompletas – as concepções que atribuem a perpetuação do sistema apenas à repressão policial ou às traições de dirigentes políticos e sindicais.
Não obstante, uma crise de valores e um aumento do questionamento das relações de autoridade são traços que se desenvolvem na sociedade contemporânea. O crescimento desta crise é uma das pré-condições para a revolução socialista. O socialismo somente será possível quando a maioria das pessoas entender a necessidade da mudança social e se perceber capaz de transformar a sociedade e decida exercer seu poder coletivo para esta finalidade e saibam pelo que desejam substituir o sistema atual. ISTO SIGNIFICA que rejeitamos análises como a dos leninistas ou trotskistas que definem a principal crise da sociedade moderna como sendo uma “crise de direção”. Na verdade são como generais em busca de um exército cujo principal critério de êxito é o índice de recrutamento. Para nós, a mudança revolucionária é uma questão de consciência: a consciência que tornará supérflua a existência de generais.
3. Quando nos referimos a “partidos tradicionais da esquerda” temos em mente não apenas os partidos social-democratas e “comunistas” que administraram, administram e vão continuar administrando as exploradoras sociedades de classe. Incluímos também os revolucionários tradicionais, ou seja, as diversas seitas leninistas, trotskistas e maoístas que são as portadoras da ideologia capitalista de Estado e núcleos embrionários do poder repressivo do capitalismo de Estado. Estes grupos são prefigurações de tipos alternativos de exploração. As críticas que fazem à social democracia, ao “stalinismo” ou ao “revisionismo” parecem bastante virulentas, mas nunca abordam os fundamentos como a estrutura de tomada de decisões, o lócus do poder real, a primazia do Partido, a existência de hierarquia, a maximização da mais-valia, a perpetuação do trabalho assalariado e a desigualdade. Isto não acontece por acidente e sim porque eles aceitam estes fundamentos. A ideologia burguesa está mais enraizada do que muitos revolucionários imaginam e, de fato, tem penetrado profundamente em seu próprio pensamento. Neste sentido, a afirmação de Marx que “as ideias dominantes de uma época são sempre as ideias da classe dominante desta mesma época” é muito mais verdadeira do que ele poderia ter antecipado.
Ao tratarmos da sociedade de classes autoritária e da alternativa socialista libertária, os revolucionários tradicionais fazem parte do problema e não da solução. Aqueles que assimilam a ideologia social-democrata ou bolchevique, ou são vítimas da mistificação reinante – e devemos fazer esforços para que saiam desta condição – ou são expoentes conscientes e futuros beneficiários de uma nova forma de dominação de classe, e devemos expor isto de forma implacável. Em qualquer caso, ISTO SIGNIFICA que proclamar nossa oposição sistemática às posições que defendem não tem nada de “sectário”. Deixar de fazer isto seria o mesmo que apagar a crítica que fazemos à metade da ordem social existente. Significaria fazer parte da mistificação geral que é a política tradicional, onde se pensa uma coisa e se diz outra, além de negar a própria base da nossa existência política independente.
4. Exatamente porque os partidos tradicionais não podem ser “reformados”, “conquistados” ou convertidos em instrumentos da emancipação da classe operária e por sermos contrários ao uso da linguagem e do pensamento dúbios. ISTO SIGNIFICA que não nos dedicamos a atividades do tipo “apoiar criticamente” o Partido Trabalhista nas eleições, adotando a palavra de ordem “trabalho ao poder” entre uma eleição e outra, e ajudando a semear ilusões como a de “ganhar as pessoas pela experiência” de ver através deles. Os Partidos Trabalhista e Comunista podem ser, marginalmente, superiores ao Partido Conservador na administração do capitalismo privado na caminhada para o capitalismo de Estado. Certamente, os revolucionários tradicionais demonstrarão que são superiores a ambos. Mas nós não faremos uma escolha deste tipo: não é papel dos revolucionários serem as parteiras de novas formas de exploração. ISTO SIGNIFICA que lutaremos pelo que queremos mesmo que não seja possível de conseguir imediatamente ao invés de lutar pelo que não queremos… e consegui-lo.
A burocracia sindical é uma componente essencial das sociedades capitalistas de Estado. Os dirigentes sindicais não estão “traindo” ou “vendendo” as lutas da classe operária quando as manipulam e buscam utilizá-las para seus próprios fins, nem são “traidores” quando tentam aumentar suas vantagens materiais ou restringir a frequência com que têm de se submeter a eleições. Estão atuando dentro da lógica de seus interesses. O problema é que são interesses distintos dos interesses da população trabalhadora. ISTO SIGNIFICA que não propomos que as pessoas escolham sindicalistas “melhores”, nem propomos “democratizar” os sindicatos ou criar novos sindicatos que, sob as condições atuais, teriam o mesmo destino dos velhos. Estes são falsos problemas que só preocupam àqueles que fracassaram em captar a raiz do problema.
A necessidade autêntica é se concentrar na tarefa de construir a alternativa nas mentes das pessoas e na realidade, ou seja, organizações de trabalho autônomas ligadas a outras da mesma indústria e de outras partes, e controladas pela base. Cedo ou tarde estas organizações entrarão em conflito com os grupos existentes que dizem “representar” a classe operária – e seria prematuro definir as formas que este conflito pode assumir nesta fase – ou irão abandonar totalmente as velhas organizações.
5. Este ponto visa diferenciar a nossa concepção de socialismo da maioria das que predominam hoje. O socialismo para nós não é apenas uma questão de reorganização econômica após a qual virão “inevitavelmente” outros benefícios sem necessidade de luta consciente por eles. É uma visão global de uma sociedade completamente diferente que se vincula à crítica global do capitalismo a que nos referimos antes. Para a social-democracia e o bolchevismo a igualdade é considerada “utópica“, “pequeno-burguesa” ou “anarquista“. Desprezam a defesa da liberdade por considerá-la “abstrata” e consideram o reconhecimento mútuo “humanismo liberal“. Admitem que a transformação radical de todas as relações sociais é válida como objetivo final, mas não conseguem vê-la como um ingrediente essencial e imediato do próprio processo de mudança significativa.
Quando falamos de “autoconsciência positiva do homem“, e da “compreensão pelo homem daquilo que está à sua volta e de si mesmo” fazemos referência em descartar gradualmente todos os mitos e todos os tipos de falsa consciência (religião, nacionalismo, atitudes patriarcais, crença na racionalidade da hierarquia, etc.). O pré-requisito da liberdade humana é compreender tudo que a limita.
A autoconsciência positiva implica na quebra gradual deste estado de esquizofrenia crônica que faz com que – por meio do condicionamento e outros mecanismos – a maioria das pessoas acabe tendo ideias que se excluem mutuamente em suas mentes. Isto significa aceitar a coerência, e perceber a relação entre meios e fins. Significa desmascarar quem organiza conferências sobre o “controle operário“… Dirigidas por sindicalistas eleitos pela vida toda. Significa explicar pacientemente as contradições do “capitalismo popular“, do “socialismo parlamentar“, do “comunismo cristão“, do “anarco-sionismo“, dos “conselhos operários dirigidos pelo Partido” entre outros lixos. Significa entender que não se atinge uma sociedade sem manipulações através de estruturas hierárquicas. Esta tentativa de enxergar em profundidade e compartilhá-la será longa e difícil, e será sem dúvida desprezada como “teorização intelectual” por toda tendência “voluntarista” ou “ativista“, sedenta por atalhos para a terra prometida e mais preocupada com o movimento em si do que com o rumo para onde se vai.
Como pensamos que as pessoas podem e devem entender o que fazem. ISTO SIGNIFICA que rejeitamos muitas das formulações que são comuns no movimento hoje. Na prática, isto significa evitar lançar mão de mitos revolucionários e da espiral de confrontações manipuladas com intenção de elevar o nível de consciência. Subjacente a ambas está a convicção, geralmente não elaborada, de que as pessoas são incapazes de entender a realidade social e atuar racionalmente em seu próprio nome.
Ligada à nossa rejeição pelos mitos revolucionários, está nossa rejeição pelos rótulos políticos pré-fabricados. Não queremos deuses, nem mesmo aqueles dos panteões marxistas ou anarquistas. Não vivemos nem na Petrogrado de 1917 nem na Barcelona de 1936. Nós somos nós mesmos: produto da desintegração da política tradicional, num país industrial avançado, na segunda metade do século XX. É nos problemas e conflitos dessa sociedade que devemos nos aplicar.
Mesmo nos considerando como parte da “esquerda libertária”, divergimos da maioria das vertentes do chamado “entorno subterrâneo (underground)” seja “cultural” ou “político”. Por exemplo, não temos nada em comum com esses pequenos empresários que prosperam no meio da confusão geral, que – ao mesmo tempo – promovem coisas do tipo misticismo oriental, magia negra, culto às drogas, exploração sexual (mascarada de libertação sexual), misturando tudo com grandes porções de mitologia populista. Mesmo disseminando mitos e defendendo uma “política não sectária”, isto não impede que assumam na prática muitas posições reacionárias, pelo contrário, são a garantia de sua defesa. Sob a consigna estúpida de “Apoio aos que lutam“, estas tendências defendem o apoiar os diversos nacionalismos – reacionários hoje e sempre – dos IRAs da vida e todas as Frentes de Libertação Nacional.
Outras correntes, se autodenominando “marxistas libertários“, são propensas ao obreirismo por sofrerem dos sentimentos de culpa da classe média e mesmo assim, na prática, continuam reformistas e substitucionistas. Por exemplo, mesmo quando apoiam (corretamente) as lutas por objetivos limitados, como as dos ocupas[2] ou dos sindicatos de reclamantes[3], sempre deixam de ressaltar as implicações revolucionárias que uma ação direta coletiva desta natureza contém. Historicamente, com freqüência a ação direta se choca com a natureza reformista dos objetivos perseguidos. Mais uma vez estas tendências apoiam os IRAs e as Frentes de Libertação Nacional e não criticam os regimes cubano, norte-vietnamita ou o chinês. Rejeitam o partido, mas continuam partilhando com o leninismo de uma concepção burguesa da consciência.
Por pensarmos que nossa política deve ser coerente, também rejeitamos nos aproximar de outros setores do movimento libertário que colocam toda a sua ênfase na libertação pessoal ou que buscam resolver problemas sociais por meio de soluções individuais. Afastamos-nos daqueles que colocam num mesmo plano a violência do opressor e a do oprimido, fazendo uma condenação geral de “toda violência”; dos que igualam os direitos dos grevistas de fazerem piquetes com o direito dos fura-greves de furar a greve, fazendo uma defesa abstrata da “liberdade por si mesma”. Do mesmo modo, o anarco-catolicismo e o anarco-maoísmo são perspectivas internamente incoerentes e incompatíveis com a autoatividade revolucionária.
Percebemos que deve haver relação entre a nossa concepção de socialismo e a nossa prática aqui e agora. ISTO SIGNIFICA que buscamos desde já desconstituir alguns dos mitos políticos mais amplamente sustentados, a começar pelos que estão mais próximos de nós. Tais mitos não estão confinados apenas ao campo da “direita” (que acredita que a hierarquia e a desigualdade pertencem à essência da natureza humana). Consideramos irracional e/ou desonesto que aqueles que mais falam das massas e da capacidade da classe operária de criar uma nova sociedade sejam os que demonstrem ter a menor confiança na capacidade das pessoas de não precisar de dirigentes. Também consideramos irracional que os mais radicais defensores da “genuína mudança social” incorporem em suas próprias ideias, programas e fórmulas organizativas tantos valores, prioridades e modelos que afirmam se opor.
6. Quando dizemos que a sociedade socialista será “construída pela base”, é exatamente isso que queremos dizer. Não queremos dizer “iniciada pela cúpula e depois respaldada pela base”, nem dizer “planificada pela cúpula e mais tarde verificada pela base“. Queremos dizer que não deve haver separação entre órgãos de decisão e órgãos de execução. É por isto que defendemos a “gestão” da produção pelos trabalhadores e evitamos a palavra de ordem ambígua do “controle operário” (as diferenças entre ambas – tanto teóricas quanto históricas – estão expostas na introdução de nosso livro sobre “Os bolcheviques e o controle operário: 1917-1921”).
Não aceitamos que a organização revolucionária deva ter qualquer prerrogativa específica no período pós-revolução e também durante a construção da nova sociedade. Sua função principal neste período deve ser enfatizar a primazia dos Conselhos Operários (e dos corpos baseados neles) como instrumentos de autoridade decisória e lutar contra todos que busquem diminuir ou evitar esta autoridade, ou investir de poder outra parte. Diferentemente de outros na esquerda, que desprezam o pensar sobre a nova sociedade como “uma preocupação com os restaurantes do futuro”, nós expomos com certo nível de detalhe nossas ideias sobre a possível estrutura de uma tal sociedade no nosso panfleto intitulado: Os Conselhos Operários.
7. Talvez seja este o ponto mais importante e o menos entendido de toda a declaração. É a chave de como vemos nosso trabalho prático e define os critérios com os quais podemos nos aproximar da vida política cotidiana e fazer uso das nossas capacidades físicas e mentais. Explica por que consideramos certas questões significativas, enquanto outras são desprezadas como “falsos problemas“. Dentro dos limites da nossa coerência, explica o conteúdo do nosso jornal.
Já que não os consideramos de particular relevância para as atitudes e aptidões que pretendemos desenvolver, não nos preocupamos com assuntos do tipo eleições parlamentares ou sindicais (escolher terceiros para fazer coisas por um); Mercado Comum ou a crise de convertibilidade (o envolvimento nos problemas dos governantes não ajuda em nada os governados), nem mesmo com a luta da Irlanda ou com os diversos golpes na África (“tomar partido” nas lutas empreendidas sob a dominação de uma falsa consciência totalmente reacionária). Não podemos ignorar estes acontecimentos sem ignorar parte da realidade; mas podemos pelo menos evitar atribuir-lhes uma importância para o socialismo que não têm. Pelo contrário, pensamos que a Revolução Húngara de 1956 e os eventos de Maio de 1968 na França foram profundamente significativos (pois foram lutas contra a burocracia, e tentativas de autogestão tanto no contexto oriental quanto no ocidental).
Estes critérios também ajudam a esclarecer nossa atitude diante dos conflitos trabalhistas. Enquanto a maioria é um desafio aos empresários, alguns têm um conteúdo socialista mais profundo que outros. Por qual a razão, por exemplo, as ações “não oficiais” sobre as condições de trabalho realizadas sob o estreito controle das bases têm geralmente um significado mais profundo do que as ações “oficiais” sobre questões salariais, operadas à distância pelos burocratas sindicais? Em termos do desenvolvimento da consciência socialista, como se inicia uma luta e do que se trata é de importância fundamental. O socialismo, afinal, é sobre quem toma as decisões. Nós acreditamos que isto precisa ser enfatizado na prática desde já.
Nos nossos informes sobre conflitos, nossa diretriz é que não se pode compor (tidy up) a realidade e se ganha mais analisando honestamente as dificuldades reais do que vivendo num mundo mítico, onde os desejos são tomados como realidade. ISTO SIGNIFICA que evitamos o tom “triunfalista” (na verdade manipulador) que tanto prejudica a informação industrial e muitas das “intervenções” dos revolucionários tradicionais.
Finalmente, a ênfase que o ponto 7 coloca na autoatividade e a advertência sobre os efeitos daninhos da manipulação, o substitucionismo, ou a confiança em outros para fazer as coisas por um, têm implicações mais profundas, com relevância para nossa própria organização.
8. Não somos pacifistas. Não temos ilusões sobre contra o que enfrentamos. Em todas as sociedades de classes, a violência institucional pesa forte e constantemente sobre os oprimidos. E mais, os governantes destas sociedades sempre recorreram à repressão física explícita quando seu poder e privilégios estiveram realmente ameaçados. Contra a repressão da classe dominante, nós apoiamos o direito das pessoas à autodefesa por quaisquer meios que considerem adequados.
O poder dos governantes se alimenta da indecisão e da confusão dos governados. Seu poder somente será superado caso se confronte com o nosso: o poder de uma maioria consciente e com confiança em si mesma, sabendo o que quer e determinada a consegui-lo. Nas sociedades industriais modernas, o poder de tal residirá onde as massas se congreguem diariamente, para vender sua força de trabalho na produção de bens e serviços.
O socialismo não pode ser o resultado de um golpe político, da tomada de algum Palácio ou quartel general da polícia ou da ascensão de algum partido levado a cabo “em nome do povo” ou “para galvanizar as massas”. Se fracassam, tudo que tais ações conseguem é criar mártires e mitos, além de provocar uma intensificação na repressão. Se alcançam “êxito”, apenas irão substituir uma minoria dominante por outra, ou seja, farão surgir uma nova forma de sociedade exploradora. Tampouco o socialismo pode ser introduzido por organizações estruturadas de acordo com padrões autoritários, hierárquicos, burocráticos ou semi-militares. Tudo o que estas organizações instituem – e se alcançam êxito provavelmente continuarão a instituir – são sociedades semelhantes à sua própria imagem.
A revolução social não é um assunto de partido. Será a ação da imensa maioria atuando segundo os interesses da imensa maioria. Os fracassos da social democracia e do bolchevismo são o fracasso de toda uma concepção da política, uma concepção segundo a qual os oprimidos poderiam confiar a sua libertação a outros que não eles mesmos. Esta lição está entrando gradualmente na consciência das massas e preparando o terreno para uma revolução genuinamente libertária.
9. Posto que rejeitamos o conceito de Lênin de que a classe operária somente pode desenvolver uma consciência sindical ou reformista. ISTO SIGNIFICA que rejeitamos a receita leninista de que a consciência socialista deve ser introduzida nas pessoas do exterior, ou injetada no movimento por especialistas políticos: os revolucionários profissionais. Além do mais, e em consequência, não podemos nos comportar como se sustentássemos tais crenças.
No entanto, a consciência de massas nunca é uma consciência teórica, derivada individualmente do estudo dos livros. Nas sociedades industriais modernas a consciência socialista surge das condições reais da vida social. Estas sociedades produzem as condições para uma consciência adequada. Por outro lado, por tratar-se de sociedades de classes, normalmente inibem a afirmação desta consciência. Aqui repousa tanto o dilema quanto o desafio que os revolucionários modernos enfrentam.
Há um papel para os revolucionários conscientes. Em primeiro lugar, por meio da inserção pessoal na própria vida de cada um e, onde for possível, no lugar de trabalho de cada um. (Aqui o perigo principal está nas atitudes do tipo “mais proletário que tu“, que levam as pessoas a crerem que pouco há para fazer se não são operários industriais, ou pretender ser o que não são, na falsa crença de que as únicas áreas relevantes de luta são as relacionadas com a indústria); em segundo lugar, prestando assistência aos que estão em luta fornecendo ajuda ou informações que lhes são negadas (aqui o perigo principal está em oferecer uma “ajuda interessada” onde o recrutamento do militante para a organização “revolucionária” é um objetivo tanto quanto a vitória na luta em que ele está engajado); finalmente, assinalando e explicando as profundas, e frequentemente ocultas, relações entre o objetivo socialista e o que as pessoas se veem impulsionadas a fazer pelas suas próprias experiências e necessidades (é isto que queremos dizer quando dizemos que os revolucionários devem contribuir para “explicitar” o conteúdo “implicitamente” socialista de muitas lutas modernas).
10. Este ponto é para diferenciar Solidarity do tipo tradicional de organização política. Como não somos nem pretendemos ser direção de nada, pois não queremos dirigir nem manipular outras pessoas, a hierarquia e os mecanismos manipuladores dentro de nossas próprias fileiras não têm nenhuma utilidade. Por acreditarmos na autonomia ideológica e organizativa da classe operária, não podemos negar aos grupos tal autonomia dentro do próprio movimento de Solidarity. Pelo contrário, procuraremos fortalecê-la.
Por outro lado, certamente que desejamos influir em outros e disseminar as ideias de Solidarity (não apenas ideias quaisquer) tão amplamente quanto possível. Isto requer uma atividade coordenada das pessoas ou dos grupos, que devem ser individualmente capazes de agirem por si mesmos e de encontrar seu próprio nível de envolvimento e suas próprias áreas de trabalho. Os instrumentos para esta coordenação devem ser flexíveis e variados de acordo com o propósito para o qual se pretenda.
Não rejeitamos a organização como se implicasse necessariamente em burocracia. Se sustentássemos tais pontos de vista não haveria perspectiva socialista em absoluto. Pelo contrário, sustentamos que são exclusivamente as organizações cujos mecanismos (e suas implicações) são compreendidos por todos que podem fornecer o marco para a tomada democrática de decisões.
Não existem garantias institucionais contra a burocratização dos grupos revolucionários. A única garantia é a perpétua atenção consciente e auto-mobilização de seus membros. No entanto, somos conscientes do perigo de que os grupos revolucionários podem se transformar em “fins em si mesmos“. No passado, as lealdades aos grupos muitas vezes ultrapassaram a lealdade às ideias. Nosso primeiro compromisso é com a revolução social e não com algum grupo em particular, inclusive com Solidarity. Nossa estrutura organizativa certamente deve refletir a necessidade de ajuda e apoio mútuos, mas não temos outros objetivos, aspirações ou ambições para além disso, logo não nos estruturamos como se os tivéssemos.
[1] A numeração em negrito é referente a marcação original das partes do texto.
[2] Squatters. Na Grã-Bretanha as ocupações nasceram como uma forma autônoma de protesto e reação contra a falta de moradias, mas depois setores do movimento se transformaram em “semioficiais”, no sentido de serem reconhecidos como interlocutores institucionalizados das prefeituras e dos condados – responsáveis pelo funcionamento e gestão do urbanismo público na Grã-Bretanha – e passaram a colaborar com eles. Nota do CICA com base em Zero-ZYX.
[3] Claimant’s Unions. Trata-se de associações que representavam de forma muito combativa as pessoas com direito a prestações dentro da política de previdência e assistência social. Desenvolviam uma função semelhante à dos «patronatos» das ACLI e dos sindicatos na Itália, porém de forma mais autônoma e vivaz. Nota do CICA com base em Zero-ZYX.
Fonte: https://politicaproletaria.org/wp-content/uploads/2020/09/RA-CF-n.2-Qual-Comunismo.pdf