Kronstadt 1921 – Paul Avrich (Parte 4)

Traduzido por Fecaloma – Punk Rock, a partir da versão disponível em: Paul Avrich – Kronstadt – The 1921 Uprizing of Sailors in the Context of the Political Development of the New Soviet State (1970).

Para uma análise do Crítica Desapiedada do evento de Kronstadt, conferir: O Conflito em torno dos sovietes entre o Partido Bolchevique e os trabalhadores da Revolta de Kronstadt (1921) – Aline Ferreira

Parte 1

Parte 2

Parte 3

ANEXOS

Anexo A

Memorando sobre a questão da organização de um levante em Kronstadt[1]

Máximo sigilo, 1921

As informações oriundas de Kronstadt obrigam-nos a crer que, na próxima primavera, ocorrerá um levante em Kronstadt. Se houver ajuda do exterior, certamente poderemos contar com o êxito do movimento, que será favorecido pelas seguintes circunstâncias:

Agora mesmo, todos os navios de importância militar da Frota do Báltico estão reunidos no porto de Kronstadt. Nestas condições, os marinheiros constituem a principal força da fortaleza de Kronstadt, incluindo entre eles os efetivos que realizam tarefas em organizações militares em terra firme. Todo o poder está concentrado nas mãos de um pequeno grupo de marinheiros comunistas (o Soviete local, a Tcheka, o Tribunal Revolucionário, os comissários e os coletivos do partido a bordo etc.). O restante da guarnição e os trabalhadores de Kronstadt não desempenham papel significativo. É possível observar entre os marinheiros abundantes e inconfundíveis sinais de descontentamento com a ordem existente. Por isso, os marinheiros vão se unir de forma unânime aos rebeldes assim que um pequeno grupo de pessoas consiga, por meio de uma ação rápida e decisiva, tomar o poder em Kronstadt. Este grupo já existe e está pronto para realizar e conduzir as ações mais enérgicas.

O governo soviético está bem informado sobre a atitude hostil dos marinheiros. Por isso, o governo disponibilizou aos armazéns de Kronstadt uma quantidade de alimentos suficiente para durar apenas uma semana, enquanto anteriormente enviava provisões para um mês inteiro. A desconfiança das autoridades soviéticas em relação aos marinheiros é tão grande que um regimento de infantaria do Exército Vermelho foi destacado para vigiar as rotas que seguem para Kronstadt sobre a camada de gelo que agora cobre o Golfo da Finlândia. Mas no caso de um levante, se a ação for devidamente preparada, este regimento será surpreendido e não poderá oferecer resistência.

Ao apoderar-se do controle da frota e das fortificações de Kronstadt, a rebelião garantirá a vantagem sobre os outros fortes que estão localizados nas imediações da ilha de Kotlin. A artilharia dos fortes tem um ângulo de tiro que não permite atingir Kronstadt, enquanto as baterias de Kronstadt podem direcionar sua linha de fogo contra os fortes (o forte “Obruchev”, que se rebelou em maio de 1919, rendeu-se meia hora depois que as baterias de Kronstadt abriram fogo contra ele).

A única resistência militar concebível dos bolcheviques, quando tão logo iniciar a rebelião, virá das baterias de Krasnaya Gorka (o forte situado no continente, na costa sul do Golfo de Finlândia).

Mas a artilharia de Krasnaya Gorka é totalmente impotente diante dos navios e baterias de Kronstadt. Há pelo menos 32 canhões de 12 polegadas e 8 canhões de 10 polegadas nos navios de Kronstadt (sem contar os canhões de menor calibre, sobre os quais não há informações confiáveis de seu estado de funcionamento). Krasnaya Gorka possui apenas 8 peças de 12 polegadas e 4 de 8 polegadas; o restante de sua artilharia é de calibre insuficiente para ameaçar Kronstadt.

Além disso, todo o suprimento de granadas da artilharia de Kronstadt, Krasnaya Gorka e da Frota do Báltico está guardado nos depósitos de pólvora de Kronstadt e, portanto, nas mãos dos rebeldes. Por fim, os bolcheviques não poderão reprimir o levante de Kronstadt com fogo de artilharia proveniente das baterias de Krasnaya Gorka. Pelo contrário, devemos supor que em caso de um duelo de artilharia, entre Krasnaya Gorka e Kronstadt, este último vencerá (o levante de Krasnaya Gorka em maio [junho] 1919 foi reprimido após um bombardeio de quatro horas que destruiu todos os edifícios na região de Krasnaya Gorka – os próprios bolcheviques proibiram disparar contra as baterias de Krasnaya Gorka, a fim de preservá-las para uso posterior).

Pelo que se afirmou acima, percebemos claramente que existem circunstâncias excepcionalmente favoráveis ​​para que uma rebelião em Kronstadt resulte exitosa: 1) presença de um grupo de organizadores enérgicos e bem articulados para preparar o levante; 2) índole naturalmente rebelde dos marinheiros; 3) limitação do teatro de operações às estreitas e pequenas dimensões de Kronstadt, garantindo o total sucesso do levante; e 4) a possibilidade de sigilo total na preparação da rebelião, devido ao isolamento de Kronstadt em relação à Rússia e da união e solidariedade que reina entre os marinheiros.

Se a rebelião obtiver êxito, os bolcheviques, que não possuem navios de guerra além dos de Kronstadt, nem dispõem da possibilidade de concentrar artilharia terrestre com suficiente poder para neutralizar as baterias de Kronstadt (particularmente porque as de Krasnava Gorka não podem lhes fazer frente), não poderão render Kronstadt por meio de bombardeios provindos da costa ou do desembarque de tropas.

Devemos notar também que a fortaleza de Kronstadt e a frota estão equipadas com abundante artilharia leve capaz de conter invasões e fazer fogo de barragem impenetrável. Para o desembarque, seria necessário render primeiro essa artilharia, tarefa pela qual os bolcheviques não poderão realizar devido ao apoio contra invasões efetuado pelos pesados ​​canhões e a frota de Kronstadt.

Tendo em vista o que foi exposto acima, a situação militar em Kronstadt após a revolta poderá ser considerada completamente segura e a base estará em condições de resistir o tempo que for necessário.

No entanto, as condições de vida no interior da fortaleza após a rebelião poderão ser fatais para Kronstadt. As reservas de comida são suficientes apenas para poucos dias. Se Kronstadt não for abastecida imediatamente após a rebelião e não se assegurar a regularidade do envio de suprimentos, a fome inevitável forçará Kronstadt a se submeter novamente à autoridade bolchevique. As organizações antibolcheviques russas não são fortes o bastante para resolver esse problema de abastecimento e serão forçadas a pedir ajuda ao governo francês.

A fim de se evitar qualquer atraso no abastecimento de alimentos a Kronstadt, imediatamente após o levante, é necessário que, antes mesmo do tempo estipulado, quantidades de víveres necessárias sejam transportadas em navios de cargas; navios estes que aguardam ordens para zarpar dos portos do Mar Báltico para Kronstadt.

Salvo em caso de uma rendição de Kronstadt, por causa da escassez de alimentos, resta o perigo dos rebeldes terem seu moral abalado, o que poderá resultar na restauração da autoridade bolchevique em Kronstadt. Esta situação seria inevitável se os marinheiros rebeldes não receberem garantias de apoio e simpatia do exterior, em particular do Exército Russo comandado pelo General Wrangel, assim como, se os marinheiros se sentirem isolados ao perceberem que a rebelião não está se espalhando pelo resto da Rússia e, consequentemente, derrubando o poder soviético.

A este respeito, seria extremamente desejável que em curtíssimo prazo alguns navios franceses aportassem em Kronstadt após deflagrado o levante, a título simbólico da presença de ajuda francesa. Ainda mais desejável seria a chegada em Kronstadt de algumas unidades do exército russo. Estas unidades deveriam dar preferência à frota russa do Mar Negro, atualmente ancorada em Bizerte. A chegada de marinheiros do Mar Negro em socorro a seus camaradas da frota do Báltico deixaria estes últimos completamente entusiasmados.

Devemos ter em mente que, em Kronstadt, não se pode contar com um comando rebelde bem organizado, especialmente nos primeiros dias do levante. A este respeito, a chegada de unidades do Exército Russo ou da frota comandada pelo General Wrangel teria um efeito extremamente benéfico, porque todo o comando de Kronstadt passaria automaticamente para as mãos dos oficiais superiores dessas unidades.

Além disso, se se supor que as operações militares partirão de Kronstadt para derrubar a autoridade soviética na Rússia, seria necessário também para este propósito que as forças armadas russas do general Wrangel acudissem Kronstadt.

A este respeito, convém mencionar que, para tais operações – ou, simplesmente, como simples ameaça – Kronstadt pode servir como uma base invulnerável. O objetivo mais próximo de Kronstadt é a indefesa cidade de Petrogrado, cuja conquista teria o significado de que metade da batalha contra os bolcheviques estaria vencida.

No entanto, se por alguma razão for considerado indesejável realizar uma campanha a partir de Kronstadt contra a Rússia Soviética no futuro próximo, então o fato de Kronstadt estar fortificada com tropas antibolcheviques russas, que atuariam em coordenação com o comando francês, ainda contém um significado considerável no desenvolvimento da situação geral militar e política na Europa durante a próxima primavera.

Todavia, é necessário termos em mente que se o êxito inicial do levante de Kronstadt for prejudicado pelo abastecimento inadequado da cidade ou devido à desmoralização dos marinheiros do Báltico ou da guarnição de Kronstadt, pela falta de apoio moral e militar, o resultado significará, então, uma situação em que a autoridade soviética não será enfraquecida, mas fortalecida, e seus inimigos desacreditados.

Em vista do que foi exposto acima, as organizações antibolcheviques russas devem se abster de contribuir para o sucesso da rebelião em Kronstadt se não receberem do governo francês total garantia de sua decisão de tomar as medidas necessárias, em particular: 1) comprometimento com apoio financeiro para a preparação da insurreição, que, para um resultado favorável, requer uma soma baixíssima, talvez, de cerca de 200.000 francos; 2) financiar Kronstadt após a rebelião; 3) assegurar o abastecimento de alimentos para Kronstadt e garantir que as primeiras entregas de alimentos cheguem à cidade imediatamente após a tomada de poder, e 4) estar de acordo, após a revolta, com o envio a Kronstadt de navios de guerra franceses e também de unidades do exército e da marinha do general Wrangel.

Com relação ao que foi exposto, não se deve esquecer que mesmo que o comando francês e as organizações antibolcheviques russas não participem da preparação e direção do levante, a revolta ocorrerá assim mesmo na próxima primavera. No entanto, após um breve período de sucesso, a revolta estará fadada ao fracasso, o que fortalecerá em muito o prestígio da autoridade soviética e privará seus inimigos de uma oportunidade única – que provavelmente não se repetirá – de tomar Kronstadt e infligir ao bolchevique o mais severo dos golpes, do qual ele não poderá se recuperar.

Se, em princípio, o governo francês estiver de acordo com as considerações formuladas acima, será desejável que se designe uma pessoa com quem os representantes dos organizadores da rebelião possam entrar em acordo mais detalhado e a quem eles possam comunicar os detalhes do plano do levante e outras ações, bem como fornecer informações mais precisas sobre os fundos necessários para a organização e demais financiamentos do movimento.

Anexo B

Porque estamos lutando[2]

Depois de fazer a Revolução de Outubro, a classe trabalhadora esperava obter sua emancipação. Mas o resultado foi uma escravidão ainda maior do ser humana. O poder de polícia e da monarquia gendarme passou para as mãos dos usurpadores comunistas, que, em lugar de libertar, incitou no povo o temor permanente das câmaras de tortura da Tcheka, que excederam em muito os horrores dos métodos da gendarmeria czarista.

Baionetas, balas e ordens inflexíveis dos oprichniki da Tcheka foi o que os trabalhadores da Rússia Soviética receberam depois de muita luta e sofrimento. O glorioso emblema do Estado de trabalhadores – a foice e o martelo – foi de fato substituído pela baioneta e as grades da prisão, que mantêm tranquila e despreocupada a vida da nova burocracia de comissários e funcionários.

Ainda mais infame e criminoso é a servidão moral que os comunistas inauguraram: eles também manipulam as convicções íntimas dos trabalhadores, induzindo-os a pensar à maneira comunista. Através dos sindicatos burocratizados, eles acorrentaram os operários à esteira da fábrica, para que o trabalho se transforme em uma nova escravidão, em vez da alegria pelo dever cumprido. Dos protestos camponeses, expressos em levantes espontâneos, às reivindicações dos trabalhadores, obrigados pelas condições de vida a entrarem em greve, eles responderam com execuções em massa e derramamento de sangue, que faria corar até os generais czaristas. A Rússia operária, a primeira a hastear a bandeira vermelha da emancipação do trabalho, está encharcada pelo sangue dos que foram martirizados em nome da glória e dominação comunista. Neste mar de sangue, os comunistas afogaram todas as brilhantes promessas e slogans da revolução operária. A realidade está cada vez mais clara: o Partido Comunista Russo não é um defensor dos trabalhadores, como fingiu ser. Os interesses do povo trabalhador lhe são estranhos.

Tendo conquistado o poder, seu único medo é perdê-lo e, daí, todos os meios para continuar governando são aceitáveis: calúnia, violência, mentira, assassinato e até se vingando nas famílias dos rebeldes.

Mas a paciência de trabalhadores tão sofridos está chegando ao fim. Aqui e ali o país é iluminado pelas chamas da insurreição, na luta contra a opressão e a violência. As greves operárias generalizam-se. Mas os agentes da okhrana bolchevique não dormem e fazem de tudo para impedir a terceira revolução, inevitável. Apesar de tudo, a revolução está aí, sendo executada pelas mãos dos próprios trabalhadores. Os generais do comunismo testemunham o levante de um povo que está convencido de que as ideias do socialismo foram traídas. No entanto, ao temerem por sua pele e perceberem que não vão escapar da ira dos trabalhadores, ainda tentam, com a ajuda de seus oprichniki, aterrorizar os rebeldes ameaçando-os com prisão, fuzilamento e outras atrocidades. Mas a vida sob o jugo da ditadura comunista tornou-se mais terrível que a morte.

O povo trabalhador se revolta e já entendeu que não há meio termo na luta contra os comunistas e a nova servidão por eles instituída. É necessário ir até o fim. Os comunistas querem dar a impressão de que fazem concessões: na província de Petrogrado, os bloqueios de estradas foram retirados e 10 milhões de rublos de ouro foram adquiridos para a compra de alimentos do exterior. Mas não se deixem enganar, porque por trás desta isca esconde-se a mão de ferro do senhor, o ditador, que quer recuperar cem vezes mais, quando tudo estiver tranquilo novamente, do que se ofereceu.

Basta! Chega de meio-termo. Vencer ou morrer! Kronstadt Vermelha dá o exemplo, atemorizando tanto os contrarrevolucionários da direita e da esquerda. Aqui a revolução deu um passo à frente. Aqui, a bandeira da rebelião foi hasteada contra a violência e opressão do regime comunista que em três anos suplantou trezentos anos de monarquia. Aqui, em Kronstadt, foi lançada a pedra angular da terceira revolução, rompendo os últimos grilhões das massas trabalhadoras e abrindo um novo e amplo caminho para a criação do mundo socialista.

Essa nova revolução levantará as massas trabalhadoras do Oriente e do Ocidente, pois servirá de exemplo para a nova construção do socialismo, em oposição à “criação” burocrática, dos comunistas. As massas trabalhadoras estrangeiras poderão ver com seus próprios olhos que tudo o que foi criado até agora pelos comunistas em nome da vontade dos trabalhadores e camponeses não é de fato o socialismo.

O primeiro passo nessa direção foi dado, sem um único tiro, sem uma única gota de sangue. Os trabalhadores não querem sangue, a menos que sejam obrigados a agir em sua autodefesa. Apesar de todos os atos ultrajantes que os comunistas nos têm dispensado, somos sensatos o bastante para nos limitarmos a isolá-los da vida pública e impedi-los de atrapalhar nosso trabalho revolucionário com seu malicioso e falso ativismo.

Operários e camponeses marcham sempre avante; deixaram para trás a assembleia constituinte, com seu regime burguês, e passarão pela ditadura do Partido Comunista, com sua Tcheka e seu capitalismo de estado, cujo garrote preso no pescoço dos trabalhadores sufoca, ameaçando estrangulá-los. A circunstância atual oferece finalmente aos trabalhadores uma oportunidade de ter seus sovietes livremente eleitos, funcionando sem a qualquer pressão partidária, e de reorganizar os sindicatos burocratizados em associações livres de operários, camponeses e da intelectualidade trabalhadora. O último cassetete da autocracia comunista está finalmente destruído.

Anexo C

Socialismo entre aspas[3]

Ao fazer a Revolução de Outubro, os marinheiros, soldados vermelhos, operários e camponeses derramaram seu sangue pelo poder dos sovietes, pela criação de uma república dos trabalhadores. O Partido Comunista voltou sua atenção para as aspirações das massas. Ao inscrever em sua bandeira slogans sedutores, que entusiasmaram os trabalhadores, atraiu-os para seu partido e prometeu conduzi-los ao esplendoroso reino do socialismo, que só eles, os bolcheviques, sabiam construir.

Naturalmente, uma alegria ilimitada se apoderou dos trabalhadores e camponeses. “Por fim, a escravidão que suportávamos sob o jugo dos latifundiários e capitalistas será em breve tão remoto quanto uma lenda”, pensaram. Parecia que havia chegado a era do trabalho livre nos campos, fábricas e oficinas.

Parecia que todo o poder havia passado para as mãos dos trabalhadores.

Por meio de uma propaganda hábil, os comunistas persuadiram os filhos do povo trabalhador a se integrarem nas fileiras do partido, onde foram agrilhoados por uma disciplina severa. Logo, quando os comunistas se sentiram fortes o suficiente, primeiro expulsaram do poder os socialistas de outras tendências e depois, enquanto afastavam os próprios trabalhadores e camponeses do controle da nau do Estado, governam o país em seu nome. Os comunistas substituíram assim o poder que usurparam por uma dominação arbitrária de comissários que exercem, na Rússia Soviética, um poder sobre os cidadãos de corpo e alma. Contra toda razão e contra a vontade dos trabalhadores, começaram a construir meticulosamente o socialismo de Estado, com escravos em vez de trabalhadores livres.

Após desorganizar a produção sob o sistema do “controle operário”, os bolcheviques nacionalizaram fábricas e oficinas. De escravos dos capitalistas, os trabalhadores foram transformados em escravos das empresas estatais. Em breve, isso não foi suficiente. Por isso, foi introduzido o método de trabalho intensivo: o sistema Taylor[4]. Todo trabalhador camponês foi declarado inimigo do povo e identificado com os kulaks. Com grande energia, os comunistas arruinaram os camponeses quando fundaram fazendas estatais – o latifúndio do novo proprietário de terras: o Estado. Foi isso que os camponeses receberam do socialismo bolchevique, em vez do livre usufruto das terras que acabavam de conquistar. Em troca dos grãos e de vacas e cavalos confiscados, as invasões da Tcheka e os pelotões de fuzilamento.

Que excelente negócio em um Estado de trabalhadores: chumbo e baionetas por um pouco de pão!

A vida dos cidadãos tornou-se desesperadamente monótona e rotineira. Um viver regulado pelos cronogramas fixados pelas autoridades. Em vez do livre desenvolvimento individual e do trabalho livre, surgiu uma escravidão inaudita e inimaginável. Todo pensamento independente, toda crítica justa sobre as ações de governantes criminosos tornou-se um crime passível de punição por meio de prisão e, às vezes, até execução. A pena de morte, essa mácula da dignidade humana, começou a florescer na dita “sociedade socialista”.

Eis o brilhante reino do socialismo, que a ditadura do Partido Comunista tem nos oferecido. Recebemos o socialismo de Estado no qual os sovietes estão repletos de funcionários que votam obedientes ao que é ditado pelo comitê do partido e seus infalíveis comissários. O lema “quem não trabalha não come” foi distorcido pela nova ordem “soviética” em “Tudo para os comissários”. Quanto aos operários, camponeses e à intelligentsia operária, só lhes restou o trabalho descolorido e incansável no cárcere.

A situação tornou-se insuportável e a Kronstadt Revolucionária foi a primeira a romper os cadeados e as grades de ferro desta prisão, para lutar por um tipo diferente de socialismo, por uma República Soviética de trabalhadores, onde os produtores serão donos de seus produtos, que estarão à sua disposição, assim como bem entenderem.

Anexo D

Forte Imperador Alexander I[5]

Um dos fortes mais interessantes do complexo de fortalezas de Kronstadt é o Forte Imperador Alexander I, construído entre 1835 e 1845 e que possui o formato arredondado. Para nossa sorte, se quisermos sentir in loco um pouco mais a “atmosfera” da rebelião dos marinheiros de Kronstadt, podemos visitar um forte muito parecido aqui mesmo no Brasil, no estado da Bahia, Salvador: o Forte de São Marcelo, construído por volta de 1650. Claro, abstraindo o clima tropical da Bahia, se isso for possível!

Forte Imperador Alexandre I
Forte São Marcelo

Bibliografia

Arquivos

Archive of the Russian and East European History and Culture, Columbia University. Os arquivos do Comitê Nacional Russo contêm o Memorando Secreto sobre a organização da revolta em Kronstadt (“Dokladnaia zapiska po voprosu ob organizatsii vosstaniia v Kronshtadte”) e outros materiais acerca das atividades dos emigrados na época da rebelião. Além disso, o Columbia Archive guarda uma série de valiosas memórias e documentos relativos à Kronstadt, escritos por contemporâneos dos fatos que presenciaram na Rússia. Os mais importantes são: G. A. Cheremshansky, “Kronshtadtskoe vosstanie, 28 fevralia-18 marta 1921”; D. Daragan e N. Zhigulev, “Kronshtadtskoe vosstanie 1921 g.”; “K vospominaniiam matrosa sluzhby 1914 goda”; “Khod sobytii v Petrograde vo vremia Kronshtadtskogo vosstaniia”, março de 1921; e “O raskrytom v Petrograde zagovorov protiv Sovetskoi vlasti”, Presidium de Vecheka, 29 de agosto de 1921.

The Hoover Institution on War, Revolution and Peace, Stanford University. Uma grande quantidade de importante material pode ser encontrado nos arquivos de M. N. Giers, V. A. Maklakov, do general E. K. Miller e do barão P. N. Wrangel. Os seguintes itens são particularmente significativos: 1) Nos Arquivos de Giers, as cartas do professor D. D. Grimm para M. N. Giers, 15-31 de março de 1921; a carta do professor G. T. Tseidler ao presidente da Cruz Vermelha Russa, de 20 de março de 1921; e cartas de S. M. Petrichenko e outros para professor Grimm e o general Wrangel, 31 de maio de 1921. 2) Nos Arquivos Miller, “Kak nachalos’ vosstanie v Kronshtadte”, 12 de março de 1921. 3) Na coleção geral do Hoover Library, “Interv’iu s chlenami Vremennogo Revoliutsionnogo Komiteta (s matrosami ‘Petropavlovska’ Iakovenko, Karpenko i Arkhipovym)”; “Prichiny, povody, techenie i otsenka Kronshtadtskikh sobytii”; e “Svedeniia iz Petrograda de 12 aprelia: Kronshtadt i otgoloski ego vosstaniia”, 12 de abril de 1921.

The National Archives of the United States, Washington, D.C. Existem documentos diplomáticos relevantes no Departamento de Estado, em Records Relating to Internal Affairs of Russia and the Soviet, 1910-1929, Arquivo Número 861,00, especialmente os bem informados despachos de Harold B. Quarton, cônsul americano em Viborg. Os mais notáveis são: 1) dois relatórios do 23 de abril de 1921 para o Secretário de Estado: “Analysis of Foreign Assistance Rendered to the Cronstadt Revolution” e “Cause, Progress and Results of Cronstadt Events” (861.00 / 8619); e 2) uma entrevista com Petrichenko por Edmond Stratton, jornalista americano na Finlândia, 19 de março de 1921, em Quarton ao Secretário de Estado, 9 de abril de 1921 (861,00 / 8470).

The Trotsky Archives, Harvard University. Estes arquivos contêm, lamentavelmente, apenas um item que se refere diretamente à rebelião, uma mensagem de Trotsky a Lenin, datada de 15 de março, 1921 (T 647), na qual informa a necessidade de dissipar os “extravagantes rumores a respeito Kronstadt”. No entanto, há muitos relatórios em primeira mão sobre os levantes de camponeses daquele período.

Além do que já foi apontado, os arquivos do professor D. D. Grimm, que são mantidos em Paris e são de propriedade privada, também têm valor considerável, especialmente no que diz respeito às atividades dos emigrados durante e depois da rebelião.

Livros, panfletos e artigos

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Voennoe Znanie, Moscou.

Volia Rossii, Praga.


[1] “Dokladnaia zapiska po voprosu ob organizatsii vosstaniia v Kronshtadte”, manuscrito, Columbia Russian Archive. (Traduzido do russo por Avrich.) 1 O autor do memorando supõe que a sublevação ocorrerá depois do degelo.

[2] “Za chto my boremsia”, Izvestiia Vremennogo Revoliutsionnogo Komiteta, março 8 de 1921, Pravda o Kronshtadte, págs. 82-84. (Traduzido do russo por Avrich.)

[3] “Sotsializm v kavyehkakh”, Izvestiia Vremennogo Revoliutsionnogo Komiteta, marzo 16 de 1921, Pravda o Kronshtadte, págs. 172-74. (Traduzido do russo por Avrich.)

[4] O sistema Taylor foi uma criação da Rússia czarista, como revela Tragtenberg: “O crescimento econômico russo estava também amparado na criação da Escola Técnica de Moscou, dirigida por Della Voce, onde fora introduzido o método de trabalho fundado na sua subdivisão por séries homogêneas e definidas por normas impessoais. Essa escola, no começo do século, fora visitada por norte-americanos, que levaram o método para os EUA e lá criaram escolas iguais. O engenheiro Taylor estudou numa dessas escolas e desenvolveu o método que ele chamou de organização científica de trabalho, também conhecido como taylorismo (Tragtenberg, Maurício. “A Revolução Russa”, Faísca Publicações Libertárias: São Paulo, 2007, pág. 59). Como vimos, toda estrutura da Rússia czarista foi reaproveitada pelos bolcheviques – N.T.

[5] Pequena contribuição deste esforçado tradutor!