“Embora a construção do futuro e sua consolidação definitiva não seja assunto nosso, é ainda mais claro, no presente, o que devemos realizar. Refiro-me à crítica desapiedada do existente, desapiedada tanto no sentido de não temer os próprios resultados quanto no sentido de que não se pode temer os conflitos com aqueles que detêm o poder. […] Você não dirá que eu tenha o presente em grande estima, e se eu não desespero dele, é só porque a sua situação desesperada me enche de esperança.”
Carta de Karl Marx a Arnold Ruge (1843).
O Portal Crítica Desapiedada surgiu como iniciativa a partir de debates entre indivíduos que possuem um interesse em comum: a ampliação da luta cultural na perspectiva revolucionária. Trata-se, portanto, de uma ferramenta de propaganda revolucionária, em espaços virtuais, que almeja contribuir com o avanço da consciência revolucionária e o acesso à formação autogestionária. Mas o que seria essa luta cultural?
O seu significado aponta para a luta de classes no plano cultural da sociedade. Dessa forma, a luta cultural perpassa todas as classes sociais e estas se digladiam para expressarem suas perspectivas políticas na busca de uma hegemonia cultural. Essa luta, na perspectiva revolucionária que adotamos, ocorre nas mais diversas formas: propaganda, teoria, manifestações artísticas, críticas etc., que são materializados em panfletos, livros, música, poesia, uso da internet, revistas, etc.
A percepção e a análise da importância da luta cultural é efetivada pelos revolucionários demonstrando a necessidade de seu desenvolvimento não só em períodos revolucionários, mas também em tempos de refluxos, sedimentando uma cultura contestadora que, posteriormente, com a intensificação da luta de classes, irá colaborar com o avanço da consciência do proletariado em luta de forma mais acelerada.
O bloco revolucionário tem um papel fundamental no processo de contribuir para acelerar o processo revolucionário, no avanço da hegemonia proletária e da criação de condições favoráveis à vitória da classe operária quando explodir uma situação revolucionária. Assim, a luta cultural torna-se uma arma indispensável para corroer a hegemonia burguesa e criar condições favoráveis para o proletariado chegar ao estágio autogestionário de suas lutas.
A maneira como nós pretendemos contribuir com todo esse processo é a partir da crítica desapiedada do existente, tal como colocado por Karl Marx em sua carta à Arnold Ruge. A crítica desapiedada busca explicar e criticar a totalidade da sociedade capitalista. Nesse sentido, não se trata de um aspecto X ou Y dessa sociedade, mas de sua totalidade, de todas as suas determinações que contribuem para a exploração, dominação, opressão, miséria psíquica e outras formas de destrutividade do ser humano. Logo, a crítica aqui não é pensada em si mesma, muito menos apenas no aspecto negativo. A crítica revolucionária é, simultaneamente, negadora e afirmadora. Negadora da miséria presente em nossa sociedade e afirmadora de uma nova sociedade radicalmente distinta que nos leve para a emancipação do ser humano, o fim da pré-história humana.
Assim, a crítica desapiedada, no presente portal, se manifestará nos mais diversos textos produzidos, traduções, episódios de podcasts, vídeos, indicações de leitura, dossiês sobre temas pertinentes e militantes, grupo de estudos online, entre outras iniciativas que porventura poderão ser desenvolvidas. Trata-se de um trabalho coletivo que inicia-se e pretende se desenvolver ao longo de sua existência, mas sempre mantendo a sua essência que é o seu caráter revolucionário, sem concessões.
Dessa maneira, iniciamos os trabalhos dessa nova empreitada com a convicção de que a brava toupeira da revolução cava sem descanso, dia e noite, até chegar à luz.
É necessário romper os crânios congelados pelos costumes, com arte mais dura e penetrante.