Trabalhadores de todas as identidades, unam-se! – Dyjbas

Trabalhadores de todas as identidades, unam-se!*

Nos últimos anos, mas particularmente no rescaldo da eleição presidencial americana de 2016, o tema da política identitária tem dominado o discurso po­lítico tanto na esquerda como na direita. Incontáveis livros, artigos, posta­gens em blogs e comentários foram escritos sobre o assunto, mas nós mesmos só lidamos com ele de passagem.

A definição de política identitária permanece vaga. Utilizada como um ter­mo genérico, frequentemente com um tom desdenhoso, ela tem sido culpada pela fraqueza da “esquerda” moderna, pela ascensão da assim chamada “direita alternativa [alt right]” ou pela pró­pria vitória eleitoral de Donald Trump. Aqueles “acusados” de política identitá­ria frequentemente apontam as atitudes racistas, machistas e reducionistas de classe daqueles “unidos” sob a bandeira anti-identitária. Este é o contexto em que Asad Haider, “acadêmico de esquerda” e membro do Sindicato Operário-Estu­dantil na Universidade da Califórnia, escreveu Armadilha da identidade: raça e classe nos dias de hoje. O principal motivo pelo qual vale a pena fazer uma resenha deste livro em particular, dentre os muitos outros que abordam o mesmo tema, é que Haider por acaso também é o editor fundador da Viewpoint Magazine[1]. Esta revis­ta, em suas próprias palavras, visa a “reinventar o marxismo para a nossa era”, fre­quentemente se baseando em fontes autonomistas e feministas do passado. Haider abordou a escrita deste livro da perspectiva de alguém que acredita no “projeto de emancipação universal, de uma solidariedade revolucionária global, [que] só pode ser realizada através da organização e da ação”[2]. Deste modo, é evidente que o livro deve interessar àqueles que buscam perspectivas revolucionárias a respeito da questão da identidade hoje. Mas oferece alguma resposta?

Colocando os pingos nos is

Vamos primeiro esclarecer a posição da esquerda comunista. Como já aponta­mos, usamos o termo política identitária apenas parcimoniosamente, frequentemen­te no contexto do ressurgimento nacionalista frente a crise capitalista em cur­so, por exemplo.

Se a classe dominante está realizando um ataque frontal à classe trabalhadora há um pe­rigo de uma resposta de classe. Para evitar isso, há veículo melhor que a política identitária […] e alguma identidade mais óbvia que a noção de “país” ou nação? […] contra todas as mistificações nacionalistas, adotamos uma posição de classe que é a oposição a todas as ideologias capitalistas de identidade[3].

Não é necessário procurar por muito tempo para encontrar exemplos de como todos os tipos de identidade, não só a nacional, tem sido usados para misti­ficar as relações capitalistas[4]. Os mitos persistentes de um capitalismo nacio­nal como uma solução para os problemas da opressão nacional, do capitalismo de Estado como uma solução para a exploração dos trabalhadores, do capitalismo ne­gro como uma solução para a opressão das pessoas negras ou do capitalismo rosa como uma solução para a opressão das pessoas LGBT+ etc.[5] Cabe aos comunistas de­monstrar como, em vez de reformas graduais (que sempre podem ser revertidas), de cola­boração de classe (que tende a beneficiar apenas a classe dominante) ou de minorias cavando um nicho político/econômico no capitalismo (que acaba reproduzindo as mesmas relações opressoras), é a classe trabalhadora que detém a chave para um novo mundo sem opressão. Isso não é nenhuma novidade. No início do século XX, Lênin polemizou contra a abordagem obreirista do Rabochaya Mysl (Pensamento Ope­rário).

Na medida em que a opressão [política] afeta as classes mais diversas da sociedade, na medida em que ela se manifesta nas esferas mais variadas da vida e da atividade – pro­fissional, cívica, pessoal, familiar, religiosa, científica etc. etc. – não é evidente que nós não cumpriremos nossa tarefa de desenvolver a consciência política dos trabalhado­res se não levarmos a cabo a organização da exposição política da autocracia em todos os seus aspectos?[6]

O fato de os comunistas “não poderem se confinar exclusivamente à luta econômica” continua sendo válido hoje. Se os comunistas se abstiverem das lutas políticas ou econômicas da classe, a politização dessas lutas assumirá uma forma burguesa (que é, possivelmente, o que ocorreu com a obliteração do movi­mento comunista internacional no século XX). É por isso que, no longo prazo, é deletério se intimidar com as questões que a política identitária (seja ela de­finida como for) levanta ou alega enfrentar[7]. Muito antes de conceitos como po­lítica identitária ou interseccionalidade entrarem no discurso popular, marxistas tentaram lidar com questões de opressão nas linhas da nacionalidade, etnia e gênero. Os comunistas, pelo menos a princípio, sempre defenderam a unidade da classe trabalhadora independente da identidade. Uma vez que a classe trabalhadora é diversa – engloba todos os tipos de identidades –, o preconceito e a discriminação, seja na forma do machismo, racismo etc., não deveriam encontrar espaço em nenhuma organização comunista que faça jus ao nome. Essas atitudes só servem para dividir os trabalhadores em linhas arbitrárias, frequentemente delineadas pelas instituições mais reacionárias na sociedade moderna (o Estado, a Igreja etc.). Porém, ao mesmo tempo, a teoria marxista questiona o discurso abstrato dos direitos por uma ótica da luta de classes e tenta demonstrar que conceitos como nação ou gênero ocultam em todos os casos um conteúdo histórico determinado – reforçado no nível individual bem como no nível institucional e estrutural. Em outras palavras, a posição da esquerda comunista é aquela da oposição a toda forma de opressão, mas também inerentemente contra o separatismo, seja ele baseado no gênero, na raça ou na nacionalidade, e contra alianças entre classes. Esta posição não mudou com o advento da política identitária. Como coloca um de nossos documentos:

Ação sem compromisso contra todas as tramoias racistas, a discriminação, leis excepcionais e práticas administrativas é uma condição básica essencial para a produção da unidade de classe.[8]

Definições, definições…

Haider passa boa parte do livro discutindo terminologia. Ele começa com o assunto do livro – a política identitária. A definição do dicionário é aquela de “política na qual grupos de pessoa que têm uma identidade de raça, religiosa, étnica, social ou cultural especial tendem a promover seus próprios interesses ou preocupações específicas sem levar em conta os interesses ou preocupações de qualquer grupo político mais amplo[9]”. No entanto, Haider aponta como o termo mudou de significado com o tempo e sua origem em uma declaração do grupo feminista negro Combahee River Collective, em que foi usado da seguinte maneira:

Nós reconhecemos que as únicas pessoas que se importam o suficiente conosco para trabalharem consistentemente por nossa libertação somos nós. Nossa política evoluiu de um amor saudável por nós mesmas, nossas irmãs e nossa comunidade, o que nos permite continuar nossa luta e trabalho. Esse enfoque em nossa própria opressão está encarnado no conceito de política identitária. Acreditamos que a política mais profunda e potencialmente mais radical emerge diretamente de nossa identidade ao invés de trabalharmos para acabar com a opressão de outras pessoas. […] Nós somos socialistas porque acreditamos que o trabalho deve ser organizado para o benefício coletivo daqueles que realizam o trabalho e criam os produtos, e não para o lucro dos chefes. […] No entanto, nós não estamos convictas de que uma revolução socialista que não seja também feminista e antirracista garantirá nossa libertação.[10]

Haider segue nesta linha de explorar a fonte dos termos, fazendo o mesmo para o privilégio branco (do grupo antirrevisionista dos anos 1960 POC – Provisional Organizing Committee to Reconstitute a Marxist-Leninist Communist Party in the United States [Comitê de Organização Provisório para Reconstituir um Partido Comunista Marxista-Leninsta nos Estados Unidos]) e interseccionalidade (dos estudos jurídicos dos anos 1980, nos trabalhos da acadêmica Kimberlé Crenshaw). Isso, por si só, não é muito esclarecedor. A terminologia política, não importa o quanto ela é radical, muda de significado ou é cooptada o tempo todo (a popularidade do “socialismo” hoje tem origem do tanto de confusão que há em torno do termo – para muitos, é simplesmente sinônimo de social-democracia e intervenção estatal). O fato de o liberalismo ter cooptado esta terminologia não nos diz muita coisa. Especialmente em um momento em que a classe dominante não tem uma solução para a crise capitalista, ela procura manobras políticas para estender artificialmente a vida do sistema. A política identitária, o socialismo, o nacionalismo – todas estas ideologias da esquerda e da direita podem ser (e serão) usadas para reunir a classe trabalhadora em torno do Estado, não importa sua origem.

Apesar de aparentemente se empenhar em criticar a política identitária, a atitude de Haider com relação à política identitária nunca fica bem clara. Em um momento, ele afirma que “devemos rejeitar a ‘identidade’ como base para pensar a política identitária” e que a política identitária apropria “[legados emancipatórios] a serviço do avanço das elites políticas e econômicas[11]”. Mas então, em outro momento, parece sustentar que a política identitária foi usurpada de sua origem radical por figuras como Hillary Clinton, Barack Obama e Bill Cosby, e que, em vez disso, ele quer fundamentar sua análise na experiência de figuras como o Combahee River Collective, Malcolm X e Huey Newton (e nunca fica claro se, para Haider, esses grupos/indivíduos pertencem ou não ao campo da política identitária). E segue assim, sem nunca oferecer de fato uma abordagem coerente para apreender o que política identitária de fato é ou o que está de fato errado com ela (a natureza dispersa ao estilo de um blog do livro não ajuda). Os adereços da política identitária ficam de fato evidentes desde as primeiras páginas, já que Haider começa delineando sua identidade como uma criança nascida nos Estados Unidos de pais paquistaneses e as provações e tribulações pelas quais sua identidade, muitas vezes determinada externamente, o fez passar. Na maior parte do tempo, ele evita a questão do gênero (recomendando, em vez disso, que o leitor dê uma olhadinha no Problemas de gênero, da Judith Butler), pois sua própria formação de identidade pessoal foi primordialmente de raça, não de gênero. Dali em diante, ele faz múltiplas referências a “sua própria experiência pessoal” ao longo de todo o livro (porque, como somos levados a crer, fundamentar a política em sua própria experiência é o mais radical), ao ponto em que é possível tomá-lo como uma autobiografia. Isso não quer dizer que não há nada a se aprender a partir de ou com o que se identificar em suas lembranças de sua radicalização na juventude, os protestos contra a guerra do Iraque em 2003, o movimento Occupy de 2011, o levante de Ferguson em 2014 e o movimento Black Lives Matter ou os vários protestos e ocupações estudantis dos quais ele participou. Mas é lastimável que, em cada um desses passos, a sensação seja de que o autor está tentando justificar sua crítica da política identitária por meio de sua própria identidade e experiências.

Haider encerra o livro dizendo que precisamos colocar de lado a identidade e, em seu lugar, abraçar uma “universalidade insurgente[12]”. Mais uma vez, isso não é nada novo. Há 170 anos, Engels já havia deixado claro que o comunismo exige “uma revolução universal e terá, logo, um alcance universal[13]”. Haider diz que o que realmente precisamos em vez da identidade é “programa, estratégia e tática”. Isso é uma maneira estranha de encerrar um livro que passa a maioria de suas páginas discutindo… identidade… e que alega estar na tradição do Combahee River Collective, de Malcolm X e Huey Newton. Em momento algum ele ajuda a esclarecer para nós “o programa, a estratégia e a tática” para hoje. O livro é bem mais uma viagem pessoal pelas contradições da identidade e não o texto programático que o próprio Haider acredita precisarmos. Mas coloquemos de lado o debate sobre a identidade por um momento para nos concentrarmos nos aspectos mais preocupantes do livro, o fato de, entre os “legados emancipatórios” de Haider nos quais devemos nos basear, estar o cadáver do stalinismo…

O legado do stalinismo

Armadilha de identidade é um fluxo constante de citações e referências. Haider tenta problematizar e compreender criticamente temas como a política identitária, o privilégio branco e a interseccionalidade. Os capítulos nos quais ele discute as complexidades da raça e da escravidão e a composição dinâmica da classe trabalhadora, ainda que não originais, oferecem uma análise materialista básica. Mas ele nunca estende o mesmo tipo de pensamento analítico ao anti-imperialismo, ao partidismo de massa e à libertação nacional e nem às raízes desses termos que são tomados como naturais. Rastreando a história da política identitária até os resíduos da Nova Esquerda, Haider remete, em vez disso, aos “velhos tempos” da organização comunitária dos anos 1930 como exemplificado pelo Partido Comunista dos EUA (PCEUA) e ao auge do movimento dos direitos civis dos negros, que, segundo ele, constituíram “o equivalente mais próximo nos Estados Unidos dos movimentos operários de massa na Europa pós-guerra[14]”. Ele lamenta a maneira com que o discurso de esquerda foi reduzido ao policiamento da identidade pessoal em vez de manter um elo com uma vontade popular.

É aí que está o problema. A maior parte dos pontos de referência de Haider pertencem firmemente ao campo do stalinismo e do maoismo. O PCEUA, o PCGB [Partido Comunista da Grã-Bretanha] o Novo Movimento Comunista (POC, os Panteras Negras[15], etc.). Isto chega ao nível de ele omitir completamente a organização inter-racial de grupos como a IWW (a primeira organização industrial importante dos EUA a se esforçar para organizar os trabalhadores negros). Ele não critica o stalinismo ou o maoismo, o fato de eles terem ligado o destino do movimento operário à sobrevivência dos Estados russo e chinês, o fato de terem prendido trabalhadores nos becos sem saída do sindicalismo, da política parlamentar ou do aventureirismo. Haider fica se referindo ao “nacionalismo progressista”, ao “antirrevisionismo”, à “autodeterminação negra” etc. sem muito engajamento crítico. É claro, é possível admirar e aprender com as capacidades organizativas de organizações de todo o espectro político (mesmo grupos reacionários como o Hezbollah etc.). Mas permanece a questão dos fins e dos meios. Por que o stalinismo e os grupos nacionalistas exigiam movimentos de massa e esses movimentos levaram a quê? Isso não pode ser ignorado. Temos de questionar abertamente o legado contrarrevolucionário do stalinismo e das lutas de libertação nacional, do contrário estamos fadados a repetir seus erros ad nauseam.

[…] o nacionalismo apareceu numa época como uma ideologia potencialmente revolucionária. A construção de novas instituições paralelas mobilizou um antagonismo geral contra a estrutura social baseada na exclusão sistemática dos negros. […] Mas a incorporação das instituições paralelas na institucionalidade hegemônica, assinalada pelo sucesso eleitoral da elite negra, demonstrou a capacidade do Estado capitalista de absorver a contestação nacionalista. […] Mesmo num nacionalismo revolucionário, o pressuposto de uma “comunidade” negra unificada com “interesses” unificados continua[16].

Nessas passagens, Haider finalmente critica a premissa do “nacionalismo revolucionário”. Mas ele não a conecta às ideologias do stalinismo e do maoismo. De fato, os termos stalinismo e maoismo não aparecem uma única vez em todo o livro! Então somos forçados a perguntar – essa é uma tentativa sutil de reabilitar as ideias dos stalinistas? As tentativas de Haider de recuperar Althusser em outro lugar confirmam um padrão[17]? No que diz respeito ao CPEUA, Haider vê seu fracasso na “complicada história das [suas] disputas políticas internas […], junto com a repressão estatal ao movimento comunista[18]”. “Disputas políticas” é ser leviano: estamos falando aqui da contrarrevolução na Rússia, do assassinato em massa de revolucionários realizado por seu aparato estatal e da submissão total dos partidos comunistas internacionais à vontade do Estado russo…

Em Armadilha da identidade, não se reconhece que nos anos 1920 “a transformação de partidos de quadros em partidos de massa não foi resultado de uma abordagem tática diferente [mas uma] mudança de objetivo estratégico”, e que, com a perspectiva de queda da revolução internacional, ela foi adotada pela 3ª Internacional “para criar uma espécie de zona de segurança em torno da Rússia[19]”.  Não se reconhece que hoje a libertação nacional ou o assim chamado anti-imperialismo é “a política da subordinação das forças políticas proletárias à burguesia nacional” e que historicamente isso “levou ao massacre de dezenas de milhares de trabalhadores pela burguesia nacional, à destruição de organizações de trabalhadores e a extinção da luta revolucionária[20]”. Para Haider, o partidismo de massa, a libertação nacional e o anti-imperialismo constituem princípio norteadores, ao lado de coisas como o internacionalismo e a oposição à opressão. Não há entendimento de como eles funcionam diretamente em oposição à independência e à auto-organização da luta da classe trabalhadora (que, afinal, Haider também alega defender).

Para Haider, organizações como aqueles agrupadas ao redor do termo guarda-chuva o Novo Movimento Comunista representaram uma atitude positiva em relação à identidade porque não eram separatistas, todas eram parte de um movimento mais amplo e participavam de coalizões. Parece que ele considera os fins e os meios desse movimento irrelevantes. Mesmo se supusermos por um momento que todos estes grupos lutaram pela instituição de uma sociedade sem Estado, sem classes e sem dinheiro e sem exploração, fronteiras nacionais ou exércitos permanentes (o que não fizeram), a crítica do stalinismo e do maoismo permanece importante, pois, a despeito do desafio que grupos como o Dodge Revolutionary Union Movement ou o The League of Revolutionary Black Workers representavam ao capital, o Estado e seus sindicatos, a despeito de sua dedicação declarada à auto-organização da classe trabalhadora, no final das contas, muitos de seus militantes acabaram retornando ao sindicalismo e à política parlamentar. Os dogmas stalinistas da época prenderam os trabalhadores a esse paradigma. Não conseguir criticar isso é um desserviço às tentativas desses trabalhadores de encontrarem um caminho rumo às perspectivas revolucionárias.

No final das contas, a política identitária (tanto as alas favoráveis como as contrárias a ela) é somente a última tendência no discurso burguês. Ideologias duvidosas estão sendo infiltradas nas duas alas e, no caso de Haider e sua alternativa “antirracista” e “universalista”, ainda que tenha boas intenções, também nos é vendida uma sutil nostalgia stalinista. A tese central de Armadilha da identidade é que “nossas identidades não são alicerces de nada; elas são instáveis, elas são multifacetadas”, que “temos de encontrar meios de nos sentir confortáveis com isso e parte de como podemos fazer isso é criando novas maneiras de nos relacionarmos uns com os outros, o que pode ocorrer através de movimentos de massa[21]”. É verdade que, através da luta comum, trabalhadores de todas as identidades podem encontrar um consenso. Mas isso não basta. O que precisamos é, também, de um sentido real de independência de classe e de auto-organização, cujo significado é obscurecido por esse livro. O que precisamos é de uma visão compartilhada de um mundo sem capital e lucros, baseado na democracia direta, em que a produção é orientada pela necessidade. E para esse fim – uma organização com uma visão coerente de uma nova sociedade e como chegar lá.

Dyjbas
Communists’ Workers Organisation
Outubro de 2018


* Tradução da resenha Workers of all Identities, Unite!, assinada por Dyjbas e publicada em 26 de outubro de 2018 no site da Tendência Comunista Internacionalista, leftcom.org. [n. t.]

Asad Haider, Armadilha da identidade: raça e classe nos dias de hoje (Tradução: Léo Vinícius Liberato. São Paulo: Editora Veneta, 2018), cuja edição uso como base para as citações nesta tradução.  O livro foi originalmente publicado em inglês com o título Mistaken Identity: Race and Class in the Age of Trump (Nova York: Verso, 2018) – esta é a edição utilizada originalmente pelo autor e a numeração das páginas desta edição aparece sempre após as da edição brasileira entre colchetes. Mais re­centemente, foi atualizado em nova edição, dessa vez com o título Mistaken Identity: Mass Move­ments and Racial Ideology (Nova York: Verso, 2022). [n. t.]

[1] Muitas das teses centrais de Armadilha da identidade já estão, na verdade, presentes em um artigo de 2017, Identity crisis, na Viewpoint Magazine.

[2] Haider, Armadilha da identidade, p. 29 [Mistaken Identity, p. 6].

[3] Tendência Comunista Internacionalista, Against all nationalisms.

[4] Isso inclui a identidade de classe e, por este motivo, talvez seja melhor falar de consciência de classe: “consciência de classe não é idêntica nem à consciência psicológica de membros individuais do proletariado nem à consciência (psicológica de massas) do proletariado como um todo; mas é, pelo contrário, o sentido, tornado consciente, do papel histórico da classe. […] Todo interesse momentâneo pode ter uma de duas funções: ou será um passo adiante em direção ao objetivo final ou o encobrirá. Qual dos dois será depende inteiramente da consciência de classe do proletariado e não da vitória ou da derrota em contendas isoladas” (György Lukács, History and Class Consciousness [citação traduzida a partir da versão em inglês; em português: História e consciência de classe (Tradução: Rodnei Nascimento, 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012), p. 179-180]).

[5] “[…] adaptar-se às demandas da sociedade burguesa quase nunca é um meio de emancipação eficiente” (Gruppen Gegen Kapital und Nation, Proud to be… So What?).

[6] Lênin, What is to be done? [O que fazer?, capítulo 3].

[7] Reconhecidamente, os grupos minúsculos da esquerda comunista que existem hoje acharam isso difícil de fazer.

[8] Tendência Comunista Internacionalista, For Communism.

[9] Merriam Webster Dictionary, identity politics.

[10] Combahee River Collective, The Combahee River Collective Statement.
(O Manifesto do coletivo está disponível em português, tradução de Stefania Pereira e Letícia Simões Gomes: Manifesto do Coletivo Combahee River) [n. t.]

[11] Haider, Armadilha da identidade, p. 36-37 [Mistaken Identity, p. 11-12].

[12] Haider, Armadilha da identidade, p. 150 [Mistaken Identity, p. 114].

[13] Engels, The Principles of Communism [Princípios do Comunismo, tradução de M. Nogueira].

[14] Haider, Armadilha da identidade, p. 40 [Mistaken Identity, p. 15].

[15] Ironicamente, parece que foi um informante do FBI que apresentou os Panteras ao maoismo (Aaron J. Leonard & Conor A. Gallagher, The Case of Richard Aoki: Berkeley Radical, Black Panther, FBI Informant).

[16] Haider, Armadilha da identidade, p. 107-111 [Mistaken Identity, p. 76-79].

[17] Haider, A New Practice of Politics: Althusser and Marxist Philosophy.

[18] Haider, Armadilha da identidade, p. 92 [Mistaken Identity, p. 61].

[19] Tendência Comunista Internacionalista, The Party Question.

[20] Tendência Comunista Internacionalista, The National Question Today and the Poisonous Legacy of the Counter-Revolution.

[21] Asad Haider, entrevista concedida a Rashmee Kumar, How identity politics has divided the left: an interview with Asad Haider.

Traduzido por Thiago Papageorgiou.

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