A Economia e a Política na Espanha Revolucionária – Karl Korsch

A Economia e a Política na Espanha Revolucionária[1]

Para desenvolver uma abordagem realista do trabalho construtivo do proletariado revolucionário na Catalunha e em outras partes da Espanha, não devemos comparar suas conquistas nem com um ideal abstrato nem com resultados obtidos em condições históricas completamente diferentes. Não há dúvidas de que o desfecho real da “coletivização” está, mesmo naquelas indústrias de Barcelona e nos vilarejos e nas cidades menores onde ela pode ser estudada em seu melhor cenário, muito longe das construções ideais das teorias socialistas e comunistas ortodoxas e ainda mais longe dos sonhos grandiosos de gerações de trabalhadores sindicalistas revolucionários e anarquistas espanhóis desde os dias de Bakunin.

No que concerne analogias históricas, não se deve comparar as conquistas da Revolução Espanhola durante o período que começou com o rápido contra-ataque dos trabalhadores revolucionários contra a invasão de Franco e seus apoiadores burgueses democráticos, Nacional-Socialistas e fascistas, e que agora se aproxima rapidamente sua fase final, a nada do que ocorreu na Rússia depois de outubro de 1917 nem com a fase do assim chamado comunismo de guerra de 1918 a 1920 nem com a subsequente fase da NEP. Durante todo o processo do movimento revolucionário, começando com a derrubada da monarquia em 1931, não houve um único momento no qual os trabalhadores ou qualquer partido ou organização falando em nome da vanguarda revolucionária dos trabalhadores estiveram no controle do poder político. Isto é verdade não só numa escala nacional, mas também numa escala regional; aplica-se inclusive às condições predominantes na fortaleza sindicalista da Catalunha durante os primeiros meses após julho de 1936, quando o poder do governo se tornara temporariamente invisível e, ainda assim, a nova e ainda indefinida autoridade exercida pelos sindicatos não assumia um caráter político distinto. Contudo, a situação decorrente destas condições não é descrita adequadamente como aquela de “duplo poder”. Representou, na realidade, um eclipse temporário de todo o poder estatal resultante do racha entre sua substância (econômica) que havia se deslocado para os trabalhadores e seu invólucro (político), dos diversos conflitos internos entre as forças de Franco e as forças dos Lealistas, Madrid e Barcelona e, finalmente, do fato decisivo de que a função principal do aparelho burocrático e militar de qualquer Estado capitalista, a supressão dos trabalhadores, não poderia funcionar em qualquer caso contra trabalhadores armados.

Não faz sentido argumentar (como muitas pessoas o fizeram) que durante as diversas fases do desenvolvimento revolucionário dos últimos sete anos que uma “situação objetiva” na qual os trabalhadores revolucionários da Espanha unidos poderiam ter tomado o poder do Estado mas não o fizeram por causa de escrúpulos teóricos ou por causa de uma fraqueza interna de sua atitude revolucionária se desenvolveu mais de uma vez – em outubro de 1934 e, novamente, em julho de 1936 e maio de 1937. Isso pode ser verdade em relação aos dias de julho de 1936, quando as milícias e os trabalhadores anarquistas e sindicalistas de Barcelona haviam assaltado os depósitos de armas do governo e se armado ainda mais com as armas tomadas da revolta fascista derrotada, bem como pode ser verdade no que se refere aos dias de julho de 1917, quando os soldados e trabalhadores revolucionários em Petrogrado se manifestaram com os lemas bolcheviques de “todo poder aos sovietes” e “abaixo os ministros capitalistas” e, quando, durante a madrugada de 17 para 18, um Comitê Central do Partido Bolchevique hesitante foi finalmente forçado a voltar atrás em sua recusa anterior de participar de uma tentativa revolucionária “prematura” e convocar unanimemente os soldados e o povo a pegar em armas e participar do que ainda descreviam como uma “manifestação pacífica”.

Contra essas pessoas que hoje, vinte anos após o evento, louvam a consistência revolucionária da liderança bolchevique de 1917 em detrimento da “indecisão caótica” demonstrada pelas “dissensões e titubeios” dos sindicalistas e anarquistas espanhóis de 1936-38, é bastante apropriado relembrar aqui o fato de que nesses dias negros de julho de 1917, três meses antes da vitória do Outubro Vermelho na Rússia Soviética, Lenin e seu partido bolchevique também não conseguiram evitar ou transformar em vitória uma situação que era descrita na época da seguinte maneira pelo falecido S. B. Krassin, bolchevique que depois assumiria um alto cargo no governo soviético, mas que nessa época era gerente de um estabelecimento industrial: “As assim chamadas massas, principalmente soldados e uma série de hooligans, caminharam sem rumo nas ruas por dois dias, atirando uns nos outros, frequentemente de puro medo, desaparecendo com qualquer barulhinho e sem a menor ideia do que se tratava”1.

Mesmo um tempo considerável depois, quando o processo de glorificação do vitorioso bolchevismo já havia assentado, mas uma leve “autocrítica” ainda era possível entre os escalões mais altos do partido dominante, o comissário do povo bolchevique, Lunacharsky, se lembrou da situação de julho de 1917, com as seguintes palavras: “Nós somos obrigados a admitir que o partido não sabia como sair desta dificuldade. Estava forçado a exigir dos mencheviques e dos Socialistas Revolucionários, por meio de uma manifestação, algo que eles eram organicamente incapazes de decidir e, perante a recusa que o partido esperara, não sabia como seguir adiante; deixou os manifestantes no Palácio Tauride sem um plano e deu tempo para que os adversários organizassem suas forças, enquanto a nossa estava se dissolvendo e, consequentemente, fomos derrotados temporariamente com olhos bem abertos”.

As consequências imediatas do que se pode chamar aqui, em resposta à acusação frequente de falta de liderança revolucionária manifestada pelos sindicalistas espanhóis, de um “fracasso” do partido revolucionário Bolchevique em tomar o poder político numa situação objetivamente revolucionária, também não foram nem um pouco melhores para os bolcheviques russos de 1917 do que foram em 1934, 36 e 37 para os sindicalistas e anarquistas espanhóis. Em 17 de julho de 1917, a foi feita a maliciosa acusação contra Lenin de que todas as suas ações desde sua chegada à Rússia e, em particular as manifestações armadas dos dois dias anteriores foram secretamente dirigidas pelo Estafe Geral Alemão. A sede bolchevique foi atacada. As instalações de seus jornais foram fechadas. Kamenev e Trotsky e outros diversos líderes bolcheviques foram presos. Lenin e Sinovjej se esconderam, e Lenin ainda estava escondido, quando, quase dois meses depois, ele advertiu seus camaradas contra pôr em risco sua independência revolucionária com um apoio incondicional da frente popular do governo de Kerensky contra a rebelião contrarrevolucionária do comandante-chefe dos Exércitos Russos, o General Kornilov.

Assim, não se pode dizer com honestidade que os trabalhadores espanhóis e sua liderança revolucionária sindicalista e anarquista negligenciaram a tomada do poder político em escala nacional ou até mesmo regionalmente, na Catalunha, quando isto teria sido feito por um partido realmente revolucionário, como os bolcheviques russos. Não faz sentido aceitar as táticas dos bolcheviques russos em julho de 1917 como uma “política revolucionária cuidadosa e realista” e denunciar a mesma política como uma “falta de antevisão e decisão revolucionárias” quando ela é repetida, em condições exatamente análogas, pelos sindicalistas na Espanha. Poder-se-ia, então, aderir à declaração paradoxal feita por Pascal 200 anos atrás: “Verdade aquém dos Pireneus, erro além!”

Isso não quer dizer que as ações revolucionárias dos trabalhadores catalães não foram limitadas por sua atitude tradicional de despreocupação com todas as questões políticas que não fossem estritamente econômicas e sociais. Inclusive seus passos mais radicais no campo da reconstrução econômica, dados num momento em que pareciam e se consideravam senhores da situação, sofriam de certa falta daquela resolução e consistência de propósito através das quais as medidas econômicas e políticas da ditadura bolchevique na Rússia enfureceram e aterrorizaram terrivelmente seus inimigos em seu país e em todos os países burgueses ao redor do mundo. Há, nos relatórios burgueses sobre as condições na Espanha revolucionária muito pouco do desconforto com o qual espectadores estrangeiros observaram as presumidas “atrocidades” da revolução bolchevique na Rússia à época do “cordão sanitário”. (Inclusive o ex-marxista revolucionário, Karl Kautsky, repetia naqueles dias e, penso eu, acreditava realmente que a ditadura bolchevique na Rússia coroara suas medidas expropriatórias com uma “socialização das esposas da burguesia”.) Há, em comparação a essas extravagâncias, inclusive um toque de comédia e certa confiança jovial no que o jornalista chama de “individualismo” persistente do povo espanhol, na história das “coletivizações” espanhola feita por um correspondente especial do Times (Londres) no momento da chegada do governo Negrin em Barcelona:

A chegada do governo central trouxe vida nova à Barcelona. A enorme cidade estava começando a decair sob o fardo da coletivização. A felicidade não pode ser coletivizada na Espanha, onde o indivíduo persiste em permanecer seu próprio senhor. Um proprietário de hotéis que não podia suportar ser um garçom em seu próprio estabelecimento virou garçom noutro lugar. Diz-se sobre um ator catalão bem conhecido que, cansado de fazer o papel principal no palco e receber mal, propôs trocar de função com um contrarregra, dizendo: “Ganhamos a mesma coisa, me deixe puxar as cordas enquanto você vai lá e faz as caras”. Se tornou uma piada, ainda que ruim, entre audiências em cinemas apontar para professores do Conservatório tocando o segundo violino na orquestra.

Inclusive o relatório mais elaborado e muito mais hostil feito um mês mais tarde pelo correspondente do The New York Times em Barcelona foi complementado por algumas fotos muito bonitas que ilustravam a vida e o trabalho nas “Oficinas Coletivizadas da Espanha”, e que foram feitas ainda mais atraentes aos leitores estatólatras e especuladores do Times com o alegre comentário: “Porque os lealistas preferem controle estatal ao controle operário e querem proteger os interesses externos da Espanha, a coletivização – como nas oficinas de roupas fotografadas aqui – está sendo limitada”. Na mesma veia, o “Homem Forte da Espanha” (o agora deposto ministro da defesa do governo lealista, Indalecio Prieto) foi fotografado e descrito aos leitores pequeno-burgueses do Evening Standard de 7 de março de 1938 como um “dono de jornal confortavelmente gordo, com um queixo ou dois de sobra” e com um “predileção por enguias como seu único luxo gastronômico”, um homem, aliás, cujo “valor” é “reconhecido inclusive pelo General Franco” e que se relaciona bem com o “financista do movimento de Franco”, o ilustre Juan March.

O fato de que a CNT e a FAI foram finalmente forçadas a reverter sua política tradicional de não-interferência na política mediante a pressão de experiências cada vez mais amargas, demonstrou a todos os grupos a conexão vital entre a ação política e econômica em todo sentido e, sobretudo, na fase imediatamente revolucionária da luta de classes proletária, à exceção de alguns grupos anarquistas estrangeiros iludidos e sectários (que inclusive agora se recusam a macular sua pureza antipolítica com um apoio de corpo e alma à luta desesperada de seus camaradas espanhóis!).

A revolução espanhola, então, é a primeira e mais importante lição da fase de conclusão de toda a história revolucionária da Europa do pós-guerra. Torna-se ainda mais importante e particularmente impressionante se considerarmos a enorme diferença do caráter dos movimentos operários espanhóis de todos os outros tipos de lutas proletárias na Europa e nos EUA como demonstrado por quase 75 anos.

A validade desta lição não é enfraquecida pelos conteúdos relativamente moderados das demandas políticas levantadas pela CNT na conjuntura atual. Não há dúvida de que a proposta de um “novo período constitucional que simpatizaria com as aspirações populares na república socialista, que seria democrática e federal” não exige nada que o governo de frente popular não poderia, a princípio, decidir sem uma mudança revolucionária de sua até agora confessa política burguesa. Nem a proposta de criação de um “Conselho Nacional Econômico numa base política e sindicalista, com representação igual tanto da UGT Social-democrata como da CNT sindicalista” transformam a inclinação até agora reformista-burguesa do governo numa tendência revolucionária-proletária. Mas aparece aqui novamente uma analogia próxima entre as táticas seguidas pelos sindicalistas na Espanha dos dias de hoje e a atitude observada no partido bolchevique russo até e inclusive depois do colapso da revolta de Kornilov. Se essa analogia for verdadeira, se pudermos demonstrar que até mesmo um partido revolucionário tão predominantemente político e politicamente experiente como o partido que fez o outubro russo não alcançou a sua perfeição suprema antes do advento de uma situação histórica completamente diferente, então como poderíamos esperar tamanha excelência sobre-humana e supra-histórica de um grupo de revolucionários proletários até então sem uma mentalidade política e quase inexperientes politicamente sob as condições subdesenvolvidas da Espanha atual, onde a rebelião contrarrevolucionária do Kornilov ibérico não colapsou mas se espalhou vitoriosamente por todo o país e agora está atacando o coração da Espanha industrial, a última fortaleza das forças antifascistas e anticapitalistas, a província proletária de Barcelona?

Há, de fato, do ponto de vista de uma pesquisa histórica sóbria, amplas provas de que a liderança revolucionária bolchevique de 1917 não estava de modo algum isenta daquelas hesitações humanas e falta de antevisão que são inerentes a qualquer ação revolucionária. Mesmo após a conclusão vitoriosa da obra-prima da estratégia política que os bolcheviques liderados e inspirados por Lenin realizaram nos dias do golpe de Kornilov em agosto e setembro de 1917, quando, em acordo com a instrução mais sutil de Lenin, se empenharam em “combater Kornilov, como as tropas de Kerensky, mas nós não apoiamos Kerensky, mas, ao contrário, desmascaramos sua fraqueza[2], Lenin ainda agia na suposição de que o Governo Provisório se tornara fraco tão manifestamente após a derrota de Kornilov que oferecia uma oportunidade para um desenvolvimento pacífico da revolução na base da substituição do Kerensky por um governo de socialistas revolucionários e mencheviques encarregados dos sovietes. Nesse governo, os bolcheviques não teriam qualquer participação, mas “se absteriam de avançar imediatamente a demanda pela passagem do poder ao proletariado e aos camponeses mais pobres e de utilizar métodos revolucionários por essa demanda”[3]. É claro, ao sugerir essa linha de ação em seu famoso artigo “Sobre concessões” em setembro de 1917, Lenin não exibiu tanta retidão revolucionária infalível como fazem, por exemplo, Stalin na Rússia dos dias de hoje e aqueles anarquistas que negam o Estado na atual Holanda ultracapitalista. Contudo, esse pedacinho de história real mostra quão pouco direito os seguidores de Lenin têm de criticar as deficiências das conquistas sindicalistas na Catalunha revolucionária, quanto mais a bem conhecida ambiguidade da “ajuda” dada pelos comunistas e o Estado russo tanto na Espanha como no Comitê de Não-Intervenção[4] aos trabalhadores revolucionários da Espanha durante o primeiro e derradeiro estágios de sua luta.

Há portanto uma grande sombra sendo jogada no trabalho construtivo resultante dos esforços e sacrifícios heroicos dos trabalhadores revolucionários em todas as partes da Espanha nas quais a bandeira sindicalista e anarquista de “coletivização” triunfou sobre as bandeiras socialdemocratas e comunistas de “nacionalização” e “interferência estatal”. Todo este trabalho construtivo foi feito, na verdade, apenas preliminarmente. Seu avanço mais profundo e sua própria existência dependiam do progresso do movimento revolucionário e, sobretudo, de uma derrota decisiva do ataque contrarrevolucionário de Franco e de seus poderosos aliados fascistas e semifascistas. Mesmo neste último estágio, quando a derrota do bastante publicitado exército lealista já manifestou tão fortemente a fraqueza intrínseca do governo Negrin que o supracitado representante máximo das forças fascista e capitalista no governo de frente popular, Indalecio Prieto, teve de ser expulso ingloriamente e uma “reconstrução” do governo numa direção “esquerdista” se tornou inevitável, uma vitória de última hora das forças revolucionárias proletárias reunidas em Barcelona – com ou sem um ensaio da insurreição dos communards na Paris sitiada de 1871 – aumentaria enormemente a importância histórica e prática imediatas da grande experiência numa coletivização genuinamente proletária da indústria que foi iniciada e realizada pelos trabalhadores e seus sindicatos nos últimos dois anos.

Na falta de uma virada favorável, a história da coletivização catalã que é contada da maneira mais imparcial e impressionante num pequeno livro publicado pela CNT-FAI e até agora não traduzido para o inglês no qual nós baseamos nossa análise e crítica das experiências espanholas na próxima edição, não pode reivindicar nenhum mérito a mais do que o que conhecemos de Marx, Engels, Lissagarays e outros escritos sobre as experiências econômicas da Comuna Revolucionária dos Trabalhadores de Paris em 1871. São parte do passado histórico do mesmo modo que, hoje, as tentativas dos trabalhadores italianos em 1920, que foram depois aniquiladas pelas hordas de Mussolini subsidiadas pelos capitalistas e proprietários italianos aterrorizados, e como são as tentativas igualmente frustradas feitas várias vezes entre 1918 e 1923 pelas vanguardas dos trabalhadores húngaros e alemães. Da mesma maneira, as conquistas temporárias mais abrangentes e certamente mais ilustres alcançadas pelos trabalhadores revolucionários russos no período de uma experimentação realmente comunista de 1918-20 não conservaram qualquer importância prática para o desenvolvimento posterior da assim chamada reconstrução socialista na Rússia Soviética. Depois foram em breve denunciados pelos próprios bolcheviques como uma mera “forma negativa” do comunismo temporariamente impingida numa relutante liderança bolchevique pelas emergências da guerra civil e da guerra. Assim, a grande experiência histórica do assim chamado comunismo de guerra, que de fato representou uma movimentação bem mais positiva em direção a uma sociedade comunista do que as medidas de qualquer NEP, NEO-NEP e outras variações das políticas que não são mais socialistas e proletárias que foram inauguradas depois pelas diversas combinações da burocracia pós-leninista e stalinista, se tornou um episódio esquecido e abandonado da história pregressa no país que mesmo hoje afirma marchar à frente do proletariado internacional pela assim chamada construção do socialismo num só país.

Mesmo antes dessa nova virada da política econômica bolchevique, em 4 de dezembro de 1919, dois anos após a tomada completa do poder estatal, Lenin, num discurso proferido no I Congresso das Comunas Agrícolas e Artéis Agrícolas deu a seguinte descrição dos resultados até então alcançados pela luta bolchevique pelo comunismo: “comunismo (…), em que os homens trabalham por estarem conscientes da necessidade de trabalhar para o bem comum. Sabemos que não podemos introduzir imediatamente a ordem socialista: Deus queira que ela se estabeleça no nosso país em vida dos nossos filhos e dos nossos netos”[5].

“Servir à história da revolução” é o programa que está escrito em tinta invisível na primeira página do supracitado relatório fiel e abrangente dos resultados positivos no campo econômico pelos trabalhadores revolucionários de Barcelona e pelos trabalhadores agrícolas e industriais de um mundo deplorável trabalhando na crise e decadência de todas as formas dos “antigos” movimentos operários socialista, comunista e anarquista, para aprender com os atos e erros do passado a lição para o futuro, os caminhos e meios para a realização dos objetivos da classe trabalhadora revolucionária.


[1] Tradução feita pelo Coletivo Proelium Finale, a partir da versão disponível em: https://www.marxists.org/archive/korsch/1938/economics-politics-spain.htm

[2] Lenin, Collected Works 25, Progress Publishers, Moscou, 1974, 290.

[3] Lenin, Collected Works 25, p. 311.

[4] Citamos aqui uma frase do Pravda testemunhando o que os “amigos” stalinistas fizeram e pretendiam fazer numa Espanha completamente “bolchevizada” para o bem dos comunistas até agora adoradores do Stalin que começaram recentemente a aprender a lição dos grandes “expurgos” na Rússia. Diz o Pravda de 17 de dezembro de 1936: “O expurgo de todos os elementos trotskistas e anarcossindicalistas da Catalunha já começou; esta tarefa é empurrada com a mesma energia com a qual já foi realizada na URSS”.

[5] Lenin, Selected Works, vol. 8. New York, International Publishers: p. 205.